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Ana Elisa Egreja

Ana Elisa Egreja define seu trabalho como sua “versão do que é progredir”. E complementa: “A arte como problema de viver”. Quais seriam seus problemas? Mesmo quando retratando imagens mais lúgubres, pássaros mortos, algo quase carnal, ela encontra o balanço entre extravasar seu “problema de viver” em pinturas altamente detalhadas e a liberdade de se expressar sem preconceitos. A isso ela precisa se manter fiel. Seu cotidiano é sua própria história de arte. Seu trabalho agrada aqueles que não são do universo das artes plásticas não só pela beleza e escolha de temas. Cada tela transparece uma incansável batalha. Para aqueles que podem comprar, não basta olhar, é preciso ter. A série “Interiores”, apresentada na Temporada de 2010 do Paço das Artes é antes de tudo convidativa. Os que agora vêem seus novos trabalhos, onde a imagem está em terceira dimensão, falam “como mudou”. A artista está longe de ter mudado. Suas primeiras referências eram os livros de natureza de seu irmão mais novo, e continuam sendo. Se o século XX foi de grandes descobertas para o que vivemos agora, o século XXI nos deu as ferramentas para fazer algo frutífero com elas, e nossa artista usufrui de todas. O trabalho de Ana Elisa não é apenas uma evolução, mas também uma revolução, que ela generosamente nos entrega. Duda: Diversos críticos falam da sua falta de compromisso com a história da arte na hora de produzir suas obras. Tudo parece mais leve, no melhor dos sentidos. Qual é a sua leitura disso?Ana Elisa: Durante a faculdade tentei me comprometer com a arte, e não deu certo. Eu só consegui assumir a pintura como linguagem quando eu comecei a fazer escolhas mais verdadeiras. Arte e vida são desassociáveis. Por exemplo, gosto tanto de um Vermeer quanto de um bolo de morango. Talvez dizer “falta de compromisso com história da arte” seja uma outra maneira de dizer “excesso de compromisso” com outros elementos da vida que não são comuns a pintura, como moda, cenografia e decoração. Duda: Há um pouco de tudo que torna seu trabalho um sucesso. Porque você acha que ele foi tão bem aceito? Ana Elisa: O que é um sucesso para uns, pode ser irrelevante para outros. Sinto a mesma reação de todos que amam a minha pintura: desejo. Duda: “O que faço é minha versão do que é progredir. A arte como problema de viver—¦”. Fale um pouco mais dessa sua frase tão saborosa. (Convido a todos a olharem imagens do trabalho da artista novamente antes de ler a resposta abaixo). Ana Elisa: Essa frase continua, da maneira que vocês quiserem. Para mim o progresso é evoluir na pintura. Parafraseando Giacometti, sempre há progresso na pintura, mesmo quando as coisas vão mal. O evoluir é simplesmente fazer.Duda: O que existe de mais significativo na sua pesquisa artística? Na sua pesquisa de vida? Ana Elisa: Minha pesquisa artística hoje é a parte técnica. Dar aos materiais que pinto a mesma textura que eles têm na vida real. A união está presente na relação com os animais, pois fora da hora de pintar estou pesquisando-os na internet.

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