Temporada de Projetos 2025
Visitação
31.05 a 14.09.2025
Horário
Terça a sábado, das 11h às 19h; domingos e feriados, das 12h às 18h
Local
Paço das Artes
Rua Albuquerque Lins, 1345 – Higienópolis
Ingresso
Gratuito
O Paço das Artes inaugura a 29ª edição da Temporada de Projetos – iniciativa de mais de duas décadas reconhecida por abrir espaço no circuito cultural para jovens artistas brasileiros. Neste ano, o público poderá conferir três projetos artísticos e um de curadoria. O processo de seleção contou com a participação do júri formado por Larissa Macêdo, Tiago Sant’Ana e Divino Sobral.
Artista: Thix | Projeto: Retificação | Acompanhamento crítico: brunøvaes

A exposição Retificação propõe uma reflexão sobre identidade, autodeterminação, visibilidade e apagamento histórico de pessoas trans e não binárias, utilizando o retrato como instrumento central. Inspirado na estética e na técnica dos retratos “clássicos” a óleo, o trabalho resgata a solenidade, importância e permanência que esses retratos representavam no passado, para subvertê-los, aplicados a corpos dissidentes historicamente marginalizados e silenciados. Serão apresentados retratos a óleo sobre linho, pintados nas técnicas clássicas do realismo, em pequenos formatos, que evocam as proporções de fotos de documentos oficiais, como carteiras de identidade ou passaportes.
Artista: Renan Soares | Projeto: Grande noite | Acompanhamento crítico: Igor Simões

A exposição Grande noite aborda os processos de apagamento e a construção do “corpo perigoso” no contexto urbano, reunindo obras tridimensionais: o site specific Blackout e a série Levada, que utilizam materiais da cidade (como poste de iluminação pública e grades de portões). A mostra tem como principais referências o poema de Aleixo, que aborda o corpo negro e sua experiência no espaço urbano. A ideia de incorporar a sombra como estratégia para modular a visibilidade de um corpo na cidade, contida no poema de Aleixo é um pensamento em voga nesta proposta de exposição. Ao mesmo tempo, o filme Sete anos em maio, de Affonso Uchoa, que narra uma experiência marginal sob a luz de uma fogueira em um cenário marcado por uma subestação elétrica, apresenta uma forte contraposição entre luz e sombra, que cria uma fotografia dramática, barroca, para refletir sobre as vivências periféricas literalmente dentro da escuridão. E o ensaio Sair da grande noite, de Achille Mbembe, em que o filósofo apresenta uma perspectiva sobre a descolonização no continente africano, orienta também, num sentido poético o que vem a constituir a escuridão que recobre determinados corpos e ideias.
Artista: Lina Cruvinel | Projeto: Razão do fogo | Acompanhamento crítico: Divino Sobral

A artista desenvolve uma reflexão sobre o fazer pictórico, afora o lugar comum da afirmação de que a pintura é formada pela junção de forma, cor, materialidade e imagem, questiona como o efeito plástico dessa linguagem nos atravessa, espectadores e onde habitam as “ideias” em “estado bruto” que alimentam o artista, e como é ressignificada o processo de instauração de uma pintura. A escolha da encáustica como principal meio de produção para desenvolver essa pesquisa se deu pela afinidade estabelecida com a plasticidade dessa tinta e suas infinitas possibilidades. Por ser feita de cera de abelha, é perceptível a força da sua materialidade. A encáustica permite que sua forma seja moldada, tanto pela retirada de matéria, quanto pelo acúmulo, resultando num efeito tridimensional, o que potencializa o sentido da imagem.
Projeto de curadoria
Curador: Tálisson Melo | Projeto: Pra onda não me tirar | Artistas: biarritzzz, Natali Mamani, Ladyletal




A exposição se desdobra de pesquisa sobre as possibilidades do deboche, do riso, do prazer, da festa e do descanso como intervenção artística na cultura visual e nos meios de comunicação como principal estratégia para grupos minorizados frente à dominação e opressão. Considerando o humor como ferramenta de subversão, os trabalhos selecionados usam de memes, das imagens da internet e da TV, em produções de vídeo e instalação sincronizadas na tônica principal que é “rir de nervoso”. Ao mesmo tempo, as artistas refletem suas trajetórias de deslocamento e pesquisam referenciais culturais de seus lugares de origem, incorporam seus trânsitos, representações de contextos marginalizados na cidade de São Paulo: a periferia e a comunidade queer (Ladyletal), o nordeste e as culturas de matriz africana (biarritzzz), as comunidades de imigrantes bolivianos e a cultura indígena (Natali Mamani). Suas poéticas dialogam frontalmente com as noções de Hito Steyerl sobre poor images — imagens digitais de baixa resolução e qualidade degradada que circulam amplamente online, destacando sua acessibilidade, ubiquidade e resistência às noções tradicionais de exclusividade ou valor na arte —, e mean images — quando essas imagens reforçam o poder estabelecido e perpetuam danos, intimidam e manipulam à coação.
