Visitação
01/08/2008 a 21/09/2008
O artista apresenta uma continuidade à série Tapumes, que vem desenvolvendo desde 2005. Trata-se de grandes instalações, realizadas com madeiras coloridas, velhas e descascadas, que revestem paredes e se projetam no espaço, formando volumes generosos, ora pontiagudos, ora arredondados.
A atenção à s cores e texturas do material, a construção por meio da sobreposição de camadas, a gestualidade das formas e o movimento por elas criado são aspectos que aproximam as instalações de Henrique Oliveira de suas pinturas. Embora guardem especificidades evidentes, dadas as diferentes naturezas e comportamentos dos materiais empregados, a madeira e a tinta acrÃlica, ambas são produzidas pelo acúmulo de matéria aplicada por meio de gestos. Daà que as lascas de compensado presentes nos Tapumes muitas vezes assemelham-se a pinceladas feitas com pincéis de ponta chata ou então a empastos produzidos com a ajuda de espátulas.A semelhança aponta para a investigação que dá origem a essas instalações. Interessado em pesquisar as potencialidades da superfÃcie pictórica, há alguns anos o artista resolveu trocar o suporte regular da tela pelo plano sujo e acidentado das chapas de madeira. Aos poucos, o que era para funcionar apenas como base ganhou outra função. Henrique começou a explorar as qualidades pictóricas das placas, utilizando-as não mais como suporte, mas como material de trabalho.Paralelo ao desenvolvimento dos Tapumes, realizados sobretudo em geral por ocasião de exposições, o artista seguiu pintando em seu ateliê — prática que também sofreu transformações a partir da pesquisa com o novo material. Do mesmo modo que as instalações, suas pinturas passaram a ser compostas por fragmentos, unidades nitidamente separadas, constituÃdas por diferentes modos de acrescentar tinta à tela: pincelada, escorrimento, empoçamento. Sobrepostas umas à s outras, em um arranjo próximo ao de uma colagem, as manchas evidenciam as ações que as conformam, fazendo dos procedimentos pictóricos o próprio assunto da obra. A sensação de caos provocada pelo conjunto é semelhante à impressão que se tem dos Tapumes, muito embora, em ambos os casos, o processo de execução seja absolutamente controlado — ainda que responda aos desdobramentos sugeridos pela tinta e pela madeira. O mesmo controle está presente nos novos trabalhos de Henrique Oliveira, colagens feitas com fragmentos de papel-couro pintados. Exibidas no Paço das Artes ao lado de suas pinturas, as obras retomam aspectos caros à poética do artista: a pesquisa de materiais, o tratamento pictórico das formas e a noção de colagem.