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Operação Condor

Visitação

25/08/2014 a 07/12/2014

Mostra reúne 113 imagens que contam a história de pessoas afetadas pelos regimes de extrema direita na América do Sul, durante a ditadura militar; saiba mais

Foi depois de fotografar 25 ex-presos políticos portugueses, em 2005, que o fotógrafo João Pina passou a conhecer e pesquisar a Operação Condor, o plano secreto que, em 1975, durante a Guerra Fria, —œirmanou— seis países latino-americanos: Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai e Paraguai. Todos vivendo sob o regime da ditadura militar de extrema-direita tinham a intenção de fazer calar os que pensavam de —œoutra maneira— e eram chamados de —œameaça comunista— e de —œsubversivos—. 

Foram presos, torturados e assassinados. Muitos deles continuam —œdesaparecidos—, suas famílias devastadas e nós, que aqui estamos, somos vítimas desses mesmos crimes porque essa ausência não pertence apenas aos que estão —œdo lado de lᗝ: não podemos continuar a ser indiferentes a um passado como se ele não fizesse parte da nossa realidade e do nosso futuro —œcomo se não tivessem existido genocídios, desde massacres ou desaparecimentos de pessoas até ao esquecimento induzido pela lei, através de anistias, perdões de penas ou indultos sob o pretexto de garantir a estabilidade política, quando na verdade o que se procura é garantir a impunidade—Â¹. 
João Pina levou ao todo nove anos para chegar ao resultado final da Operação Condor. Sua lente (o aparelho/a câmera) funcionou como um olho a observar os efeitos que esse longo período da ditadura provocou em nossa sociedade, em alguns sobreviventes e nos familiares que convivem todos os dias com os profundos traumas que vão de depressões agudas a estados de paranoia e outros problemas psíquicos que transformaram a vida de várias gerações. 
Todas as imagens que aqui estão funcionam como um grito parado no ar: desde os retratos impregnados de silêncios e lembranças de mães que nunca mais viram seus filhos voltarem para casa; de ex-presos políticos que têm no olhar as cicatrizes dos campos de concentração; do sobrevivente mutilado pelas granadas que eram deixadas como armadilha na guerrilha do Araguaia; de centros de torturas hoje empoeirados pelo tempo, até a sinistra imagem do avião usado pelos militares argentinos que atiravam vivos militantes de esquerda no rio La Plata e no Oceano Atlântico e que hoje é utilizado como —œobjeto publicitário— para uma empresa de construção nos arredores de Buenos Aires. Portanto, estamos diante da nossa própria história. Resta-nos saber que tipo de justiça queremos.
¹ Baltasar Garzón Real, Operação Condor, Ed. Tinta da China, Portugal/Brasil, 2014.
* Para saber mais sobre o livro “Condor” ou comprar um exemplar, acesse o site da Tinta da China.
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