Visitação
14/06/2004 a 11/07/2004
Em uma sucessão de reflexos frenéticos, a obra de Cacá Bratke põe em jogo a constituição primeira do olhar e da identidade. “Olhar de Laura” apresenta-se como um paradoxo: o próprio tÃtulo reúne o indiferenciado e o singular.
Em uma sucessão de reflexos frenéticos, a obra de Cacá Bratke põe em jogo a constituição primeira do olhar e da identidade. Ninguém se lembra, mas até os seis meses de idade somos incapazes de apreender imagens. A psicanálise nos ensina que a imagem que o bebê tem de seu próprio corpo, por exemplo, é toda fragmentada: os pequenos dedos que ele movimenta diante de seus olhos não lhe pertencem, mas o seio que o alimenta não pode ser senão uma parte dele. A etapa do espelho, como a conceituou Lacan, consiste no momento em que a criança se apodera de sua autoimagem. Ela se “olha no espelho” e se diferencia do resto do mundo. Muitos identificam a mãe, ou os olhos maternos, como o primeiro espelho do bebê, onde ele não vê a mãe nem o mundo, mas a si mesmo.