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Entre o Céu e a Terra, Bolhas

Visitação

10/07/2013 a 15/09/2013

Conheça a exposição do artista Rodrigo Sassi selecionada para participar da 3ª Temporada de Projetos de 2013

Texto para catálogo, texto para o site, texto para exposição, texto de parede, textos. —œHá um excesso de discurso em torno da obra de arte contemporânea—, ouvi outro dia em uma palestra. Anotações par o texto: Não circunscrever. Não interpretar. Não traduzir. Ficar ali, junto, não sair do tom. Descrever
Pegar pedaços de madeira. Cortá-los, lixá-los. Pregar uns nos outros, procurando as junções mais retas, buscando o melhor encaixe. Ir emendando uma na outra, formando um caminho mais ou menos longo e bem cheio de curvas. Um desenho no espaço, com uma linha grossa, dupla, pesada. Construir um trilho fora do chão. Dentro e fora são iguais. Entra por um lado, sai pelo outro. Gira em círculos —“ ou elipses —“ sem sair do lugar. Há espaços entre os pedaços soltos, lacunas que exigem saltos. Cuidado para não cair. Não pode encostar no chão, se não a estrutura toda quebra. Tem que saltar, pegar impulso e ir. Às vezes mais rápido, às vezes mais devagar. Mais devagar por causa do cimento. Ele ficou preso dentro do trilho. Acumulou ali, secou e não vai mais sair. Ele é pesado e grosso. Meio encrespado, sua superfície causa mais atrito e diminui-se a velocidade. Narrar
—“ Olha lá aquilo… Não está pronto, estão construindo, ainda. Não vê? A madeira, ó lá, precisa pintar direito, assim não dá. Como será que vai ficar? E para que serve? É um brinquedo? É uma maquete? Parece uma estrutura de… De um lustre gigante. É isso: para mim, é um lustre gigante. Não sabem mais o inventar. Mas, bem, não está pronto. Quem sabe depois… Ou talvez não. Talvez nunca terminem. Esses cabos de aço que prendem no teto. Isso é um perigo. Depois cai na cabeça de alguém quero ver. Outro dia estava vendo uma matéria no jornal, a menina, coitada… Essa cidade parece um canteiro de obras. Tem que tomar cuidado: olhar bem para baixo e para cima.Ensaiar poesiaBruto e delicadoBastante mal acabadoPende do teto, desce, desviaComo um polvouma enguiaou um corvoquem saberia?E finalmente terminar, sem trapacear, nos limites estritos do —œnão discursar—.
Governo do Estado de SP