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Distruktur

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19/05/2012 a 15/07/2012

Leia o texto curatorial de Marcio Harum sobre a dupla Distruktur, destaque da programação do Performa Paço

Sobre a grandiosa produção realizada no cinema experimental e na performance registrada em filme/mídia, muito já foi visto e estudado desde os anos 1960-1970 —“ mas, seguramente ainda não acerca dos campos vadios do misticismo visual gaúcho e de seu emblemático Paralelo 30, percebido a partir das noções conceituais em contato com a Estética do frio, desenvolvida por Victor Ramil. É ali que surge em essência o que faz distinguir tal imaginação − inspirada por incidências brandas de luz natural, horizontes tênues como paisagem, o afastamento da aceleração do tempo e a alienação no movimento de imagens.

Distruktur, a dupla formada por Gustavo Jahn & Melissa Dullius apresenta, em maio de 2012, para esta 2a edição do Performa Paço, uma sequência de filmes performance desenvolvidos entre nomadismos pelo Brasil, Alemanha (país em que residem), Egito e Rússia, terrenos entrelaçadamente propícios para a sua forte criação. 

New perspectives on moving

Os processos manuais de revelação química de filmes de 16mm e Super-8mm e uma copiadora de cinema em seu LaborBerlin − o laboratório colaborativo sediado numa piscina de bairro transformada em ambiente de experimentação artística em Wedding (Berlim) − dimensionam a inspiração livre de limites da dupla de artistas.

O acontecimento que deflagra a projeção é o momento natural da junção carnal-mecânica dos artistas com os seus projetores 16mm. O tempo de duração é disparado pela película celuloide. Uma capa aural recobre os corpos em ação de imagens caleidoscópicas e fragmentos lisérgicos. A definição dos contornos entre autor e imagem desaparece na superposição. Em seu núcleo, os filmes performance de Gustavo Jahn & Melissa Dullius, agem como os olhos do gato no filme Cat Effekt (2011), nos enveredam por sensações e estranhas oscilações de movimento em falso, quando em realidade tudo parece estar parado ao redor.

Éternau Alterstereo (2011), Guerrero (2011) e Filme de Pedra (2012), formam em série uma vasta e incerta coleção de imagens ancestrais de pedras: grandes rochas costeiras recortadas de sua real geografia; pedras coletadas em bolsos durante caminhadas vagabundas materializam-se sob algum efeito inexplicável de talismã no prólogo de seu filme Triangulum (2008); como em Um golpe do destino: o recomeçar, 1000 vezes recomeçar  âˆ’ um ferido cego e uma foto nas mãos. Ou a colagem dos cacos de memória das pedras de Oaze, Iêmen, do ano 1878 no filme Éternau (2006).

A profusão de cenas de corpos lânguidos e inertes sobre camas-—˜ciénagas—˜ em seus filmes, corpos atravessados por presenças invisíveis, atiça o olhar e a percepção na crença das primeiras imagens imemoriais da dupla de artistas.     

Return to Sender

Com os seus filmes performance, Distruktur exibe o poder do qual irrompe aqui imbuído: um espírito que se imanta a instigantes field trips, fortalecido por um imaginário artístico repleto de cultos exóticos e secretos, praticados por aqueles que são os viajantes do tempo.

Kassel, abril e maio de 2012

Governo do Estado de SP