Recomeços vegetais (em tempos ferais)

Se ainda não é o fim, isso se dá porque recomeços são possíveis. E os vegetais são mestres da regeneração. Esse debate com o antropólogo Renato Sztutman e a antropóloga e bióloga Anai Vera propõe um exercício de pensar e criar com as plantas. Imaginar situações em que elas indicam saídas possíveis. E fazer justiça a povos que fizeram dessa imaginação uma arma contra a destruição do planeta. Uma arma, ou melhor, um encantamento capaz de fazer brotar um mundo em que diferentes mundos possam coexistir.  

Esta programação integra a exposição “Ainda não é o fim do mundo”. Com curadoria de Renato De Cara, curador do Paço das Artes, a exposição traz 58 trabalhos de 18 artistas, que, por meio de suas obras, refletem sobre os impactos significativos e, muitas vezes, irreversíveis das ações humanas no meio ambiente. Para além das mudanças nas paisagens, os artistas exibem exercícios de imaginação para um futuro fantasioso, investigando linguagens, representações utópicas, apocalípticas e objetos ficcionais. 

Artistas convidados: Alexandre Ignácio Alves, Ariel Spadari, Brunøvaes, Chico Santos, Felipe Góes, Hugo Fortes, Lalo de Almeida, Leila de Sarquis, Luanna Jimenes, Marcelo Moscheta, Mauricio Parra, Meia, Mercedes Lachmann, Rafaela Foz, Ricardo Barcellos, Rosa Hollmann, Uýra e Virginia de Medeiros.   

Sobre os convidados 

Anai Vera é antropóloga, bióloga e pesquisadora paraguaia que vive no Brasil. Atualmente cursa o doutorado em antropologia social na Universidade de São Paulo. Sua pesquisa é na área de etnologia guarani e de outros povos das Terras Baixas da América do Sul. Apoia e assessora organizações que trabalham em prol dos direitos dos povos indígenas. Trabalhou dez anos no Ministério de Educação e Ciências e na Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai, participando da construção coletiva das políticas públicas com e para os povos indígenas, a partir da revalorização e do fortalecimento cultural. Sonha e fortalece iniciativas em prol da tradução de mundos. 

Renato Sztutman é professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo. É mestre (2000) e doutor (2005) em antropologia social pela USP, na área de etnologia indígena. Realizou pós-doutorado, em 2015, no Departamento de Filosofia da Universidade de Paris Ouest Nanterre. Coordena atualmente o Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP). Foi editor responsável, entre 2013 e 2017, da Revista de Antropologia (Depto. de Antropologia da USP). Foi um dos fundadores e coeditou, entre 1997 e 2007, a revista Sexta-Feira. Dentre suas publicações, destacam-se o livro O profeta e o principal: a ação política ameríndia e seus personagens (Edusp/Fapesp, 2012) e a coletânea Eduardo Viveiros de Castro: entrevistas (Azougue, 2008). Seus principais temas de pesquisa são: cosmopolíticas indígenas, fronteiras entre antropologia e filosofia, antropologia e cinema.