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Mostra “K_”, de César Meneghetti

Data

19/03/2014 a 06/04/2014

O Paço das Artes inaugura no dia 8 de março (sábado), às 16h, a mostra K_, projeto artístico de César Meneghetti. A entrada é gratuita e livre.



Na ocasião, haverá uma mesa-redonda sobre arte e processos transnacionais África/Brasil nas experiências de César Meneghetti, Solange Farkas, curadora e diretora da Associação Cultural Videobrasil, e Marie Ange Bordas, artista visual, escritora e educadora. A mediação será feita pela diretora técnica e curadora do Paço das Artes, Priscila Arantes.



Até 6 de abril serão apresentadas na instituição as obras K 05_still femmes (vídeo, 15 min. HD cor) e K 06_01011001 (tríptico vídeo, 4—™, 10—™ e 11—™, HD, cor), integrantes do projeto relacional e multimídia K_lab —“ interacting on the reality interface, realizado na África (Níger-Itália 2007/2009).



Composta por uma série de 7 obras (vídeos, fotografias, instalações e documentos), K_lab —“ interacting on the reality interface narra, documenta e analisa o trabalho da população -na maior parte feminina—“ no combate a desertificação do Vale de Keita, região situada entre o Sahel e a África Central. O projeto foi apresentado pela primeira vez em 2008, no Museu Laboratório de Arte Contemporânea de Roma (MLAC), com curadoria de Simonetta Lux e Domenico Scudero.



—œCésar Meneghetti compõe uma obra complexa em dois estilos sobrepostos, arte/documento: uma forma de práxis de arte baseada na incursão recíproca e na confrontação de identidade no fluxo criativo da vida cotidiana—, escreve a historiadora e crítica de arte Simonetta Lux no texto de abertura da mostra na Itália.



—œNo seu trabalho a disposição de traços materiais ou imateriais recodificados como fluxo convergem com a condição humana, os afetos, as problemáticas interceptadas e vividas ao longo do seu percurso pelo mundo, desde o Brasil até a Europa, ao Oriente, à África recriando interconexões transnacionais que ele transforma em linguagem, em obra, em arte. Uma forma rara de comunicar e compartilhar que só a arte permite vivenciar—, completa Lux.



Em K 05_still femme, o retrato de camponesas africanas na pausa de seu trabalho diário cria um duplo registro, objetivo/subjetivo, observando/observado, um retrato realista, mas ao mesmo tempo não idealizado, até chegar à paisagem do lugar no tríptico do vídeo K_6 010010011 —œde ritmo denso, com a cor de laranja e o vermelho se alternando nessa moldura luminosa e em movimento onde a paisagem parece naufragar na abstração digital. As obras são paradigmas, rastros que o artista encontra realmente, ao percorrer o território do Níger na ocasião do seu projeto, são reais e ao mesmo tempo produzidos pelo seu inconsciente cultural—, como escreve Eleonora Carbone.



Saiba mais sobre o projeto



Entre 1984 e 2007, a comunidade internacional, a FAO, o WFP e a Cooperazione Italiana se mobilizaram para combater a fome no Vale de Keita, lugar que havia passado em 1983 por uma grande seca, desertificação, empobrecimento agrícola e êxodo rural masculino. O renascimento do Vale de Keita foi possível graças ao extraordinário esforço dos moradores da região, na grande maioria mulheres como as retratadas em K 05_still femmes, que plantaram quase 20 milhões de árvores nos últimos 25 anos, e que conseguiram reconstruir a vida econômica da inteira região. O difícil acesso e escassez de água, a paisagem árida quase lunar como a que vemos representada no tríptico K_06. Os sons e a voz do texto são da única rapper feminina da África Ocidental, ZM (Zara Moussa), intitulado —œMa Rage—, foi rearranjado e remixado pelo DJ Matthew Mountford a partir de sons e musicas gravados ao vivo por Meneghetti no Níger.



Entre junho e novembro de 2007, César Meneghetti, o fotógrafo italiano Enrico Blasi e o cinegrafista inglês Sam Cole participaram de diversas missões ao Vale do Keita, dentro do projeto de PAFAGE (IBIMET —“ Conselho Nacional de Pesquisa Italiano), a fim de registrar o trabalho da população em luta constante contra a desertificação na zona limítrofe entre o Saara e a África central.



Meneghetti e seus parceiros participaram deste cotidiano, recolheram depoimentos, e puderam trocar pensamentos e sensações com uma população de camponeses sobre alguns conceitos básicos da existência.



Sobre o artista



CÉSAR MENEGHETTI (São Paulo/SP) é artista visual, cineasta, estudou no Brasil, Inglaterra e Itália. O seu trabalho crossmedia em técnica e conteúdo, que se debruça sobre a questão do outro antropológico, sobre o conceito de limites e confins e um constante indagar sobre eas formas de linguagem. Participa a 55ª Bienal de Venezia, Pavilhão Quênia (2013), a Biennale Sessions —“ Art talks da 54ª Bienal de Venezia (2011), 10th Sharjah Biennial (2011), 16ª Bienal de Cerveira (2011), Bienal Adriática (2006), Evento especial Pavilhão Latino Americano da 51ª Bienal de Venezia (2005), e do Videobrasil. Prêmio FUNARTE de Arte Contemporânea 2011, Prêmio Brasil Arte Contemporânea da Fundação Bienal de São Paulo (2010), melhor vídeo na IV Bienal Interamericana de Vídeo Arte de Washington (2009), premio da crítica cinematográfica Italiana (Nastro d—™Argento – 1996 e 2004) e Premio Petrobrás Cultural (2002 e 2006). Como cineasta é autor, entre outros, do longa —œInterferenze— e dos documentários —œSem Terra—, —œMotoboy—, —œSonhos de Bola— e —œTerrorista—. Com —œK_lab —“ interacting on the reality interface— realoca a sua experiência no cinema e mixed medias também nas artes visuais. Sucessivamente desenvolveu o projetos —œThis_Orient— (Vietnã UK, 2006-2011) e —œIO _Eu é um outro— (Itália, 2010-2013) com 200 deficientes mentais. Em São Paulo, é representado pela Duplo Galeria e, em Berlim, pela Under the Mango Tree Art Gallery.



Sobre as ministrantes



Marie Ange Bordas (Porto Alegre/RS) é mestra em Imagem e Som pela ECA/USP e especialista em fotografia pelo International Center of Photography, Nova Iorque. Marie Ange atua como artista visual, escritora e educadora e tem como foco as temáticas do deslocamento e suas implicações no individual e no coletivo. Nos últimos dez anos, circulou entre Brasil, Europa e África, desenvolvendo projetos colaborativos e participando de residências e exposições. Em 2013 foi editora do Caderno Videobrasil _09, Geografias em Movimento onde articula sua trajetória-obra com reflexões de outros artistas e intelectuais.



Solange Farkas (Salvador/BA) é curadora e diretora da Associação Cultural Videobrasil. Criou o Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, que completou trinta anos em 2013, evento que tem sua curadoria-geral e que se tornou referência para a produção artística do Sul geopolítico do mundo (África, América Latina, Leste Europeu, Oriente Médio, parte da Ásia e Oceania), além de ter trazido nomes de peso da arte internacional, como Akram Zaatari, Bill Biola, Gary Hill, Peter Greenaway, Marina Abramovic, Olafur Eliasson e Walid Raad.




MOSTRA K_—“ CESAR MENEGHETTI



Abertura dia 8 de março, ás 16h

Mesa-redonda na ocasião com César Meneghetti, Solange Farkas, e Marie Ange Bordas; mediação de Priscila Arantes


Visitação até 6 de abril de 2014, na Sala Multiuso 
Grátis | Livre
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