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Relato da Mesa: Comunicações – Mesa 01

A mesa estava composta por Julia Buenaventura V. de Cayses (Mestre em História da Arte e da Arquitetura na Universidade Nacional da Colômbia), por Agnus Valente (artista multimídia, Doutor e Mestre em Artes pela Escola de Comunicações e Artes ECA/USP) e a mediação foi feita por Rejane Cintrão (Paço das Artes). Na apresentação das pesquisas foi discutida a relação simbólica de valores da arte no mercado: consumo e fruição.Julia Buenaventura apresenta sua $194.500 que trata do panorama do mercado da arte latino-americana no contexto da última crise econômica mundial com destaque ao relacionamento de uma produção artística ligada à ações políticas de busca da autonomia de seu território. Cita os leilões de Christie´s e Sohteby´s acontecidos no segundo semestre de 2008, e especificamente a venda da obra Coração Faquir (1999) de Cildo Meireles, cuja estimativa estava entre $100.000 e $150.000 e saltou para $194.500 —“ situação que intitula sua pesquisa.Segundo Buenaventura, a última crise econômica mundial não afetou de forma dramática o mercado da arte latino- americana na medida em que leilões como Christie´s e Sohteby´s conseguiram preços acima das expectativas. Cita Alberto Barral (ArtNexus,No. 72, Volumen 8, Año 2009. p. 96.), que diz que essas vendas confirmam a estabilidade de um mercado que mantém seu caráter tradicional, pois, os compradores ainda são colecionadores e não fundos internacionais.Buenaventura apresenta a recente história do mercado da arte latino-americana. E exemplifica a situação de mercado de Cildo Meireles, um dos artistas contemporâneos mais cotizados em Nova Iorque, que desde bem cedo propôs obras destinadas a questionar o dinheiro e, com o dinheiro novamente ao poder —“ Eppur si Mouve, trabalho que consiste num tipo de ação alquímica ao inverso, pois não se trata de converter o ferro em ouro, mas converter o ouro em nada e que paradoxalmente ganha o valor de mercado da arte, voltando a ser —˜ouro—™.Agnus Valente apresenta seu projeto VENDOGRATUITAMENTE.COM, composto por obras do próprio autor e de um grupo de artistas convidados por suas atuações em intervenções urbanas e afinidades ideológicas: Antoní Muntadas, Carmela Gross, Julio Plaza, Nardo Germano e Regina Silveira. Valente apresenta seu percurso reflexivo, as articulações e agenciamentos que propiciaram a efetivação dessa intervenção artística.O projeto de Valente trata-se de uma intervenção e-urbana em espaço público que elege a Internet, esta como um —œcampo expandido— de ação. O título é um jogo de palavras —œver— e —œvender— numa ação de invasão aos mecanismos de busca no contexto do e-commerce. É um projeto de —œsite-specific— on-line que usa o mecanismo do e-commerce. A proposta é proporcionar uma pausa na voracidade do sistema capitalista .Valente analisa que este projeto interessa a associação com a urbanística. Os termos —œendereço—, —œportal—, —œsite—, —œhome— sugere um possível —œmapeamento— da rede e conduz a uma percepção da Internet como —œespaço—. Desse modo, relaciona a Arte Pública a este espaço —œdisponível— e inscreve o projeto de intervenção numa dimensão ética, estética e política. Focalizando a Internet como —œcampo expandido— —“ cita aqui Rosalind Krauss —“ da urbe, com estratégias de ação da Arte Pública, Valente considera a —œcobertura—, a —œdisponibilidade—, a —œinteração—, o —œacesso— e a —œfreqüência— de usuários em trânsito na web.Explica que cada uma das obras foi inserida no mecanismo de busca, passou pelo que denominou de —œPequenas Traduções Intersemióticas— que correspondem aos ads que são impressos no resultado da busca. Agnus relata que a intervenção e-urbana, que está em curso desde dezembro de 2006 —“ Brasil, já ultrapassou 500.000 impressões de seu ad artístico, até o momento desta publicação.DebateAo abrir o debate, Rejane Cintrão expõe sua curiosidade em relação à continuação dos contatos entre tantos visitantes e o VENDOGRATUITAMENTE.COM. Ela pergunta se houve algum retorno na comunicação. Agnus Valente explica que optou pelo distanciamento. Alguns retornos ele desconfia que são de artistas, pela linguagem e pela informação nos e-mails. Ele diz que o interesse é a vivencia, a fruição como fato acidental da vida —“ se o visitante não tivesse clicado não teria visto —“ é para ser um momento de pensar arte viva dinâmica e o estimulo de sair do pensamento seco, e ir para o dinâmico.Julia Buenaventura V. de Cayses reflete que as obras dão volta ao sistema. —œPrecisamos aproveitar os encontros, escrever a história através dos encontros em leilões e em departamentos de arte—¦ A Tarsila do Amaral, por exemplo, ainda nos tem muito a falar. Um mercado pode ser nosso, o encontro do mercado e a infiltração, da arte não-mercadoria, dribla o capitalismo.—

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