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A performance da curadoria

    Na exposição A Performance da curadoria, a performance curatorial realizou-se literal e ambiguamente pela ação da artista-curadora, espacializando e traduzindo, com seu gestual, sua voz, seu corpo, o que foi proposto nas partituras de performance desenvolvidas pelas três duplas de artistas participantes do projeto. Além das partituras impressas disponíveis ao público e dos resíduos materiais de cada performance, compõem a exposição registros em vídeo dessas ações e vídeos com os relatos de cada um dos artistas.    Em Dados de rotina com filtro, Margit Leisner e Yiftah Peled exploraram a performance em suas dimensões institucional e social. Desse modo, é o performer (que pode ser a curadora, o visitante ou um funcionário da instituição) quem decide e configura as situações performativas com os elementos presentes na exposição. Segundo diz Yiftah em seu vídeo-relato, o visitante é ativado a também —œperformar— em uma condição de participação colaborativa. Em sua fala, Margit destaca que a atividade de observar é algo comum ao repertório do performer e do público, tendo sido também importante para fomentar a realização dessa parceria.     Alexandre Sá e Aslan Cabral desenvolveram a performance intitulada Estrangeiros. No vídeo-relato, Alexandre questiona: em que medida é possível estabelecer uma relação de parceria onde o que há é distância e falta de intimidade? Já Aslan aponta que, em num processo em que tudo é muito difícil de construir, o que resta é se agarrar à desconstrução. Curiosamente, a partitura de performance proposta pelos artistas acabou por provocar um insuspeito momento de intimidade entre espectador e curadora-performer.    Mariana Marcassa e Micheline Torres propuseram uma forte experimentação com a fisicalidade do corpo em Cavalo de macumba. Com poucos elementos materiais, a performance buscou, na ação corporal intensiva do giro e da leitura de um texto (produzido especialmente para ser lido durante a ação), questionar o que uma performance desperta em quem a realiza —“ —œque estado é este?—, como elas perguntam em sua partitura. Mariana destaca, em seu vídeo-relato, que a partitura foi pensada para mediar a migração da experiência corporal para a palavra em suas dimensões escrita e oral. Já Micheline afirma que a densidade da experiência reside tanto na vivência da curadora-performer (ou de quem sepropuser a realizá-la) quanto na dos espectadores da ação.
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