Visitação
24/11/1998 a 21/12/1998
Teresa Viana reflete sobre questões diretamente ligadas à tradição da pintura e suas possibilidades entre matéria e cor.
A pintura para Teresa Viana é o estabelecimento das relações entre matéria e cor, uma indissociavelmente ligada à outra. O uso da encáustica lhe garante a cor vibrante e opaca, densa e maleável. Propõe também a superfÃcie espessa e de textura generosa. Sem buscar similaridade com as cores do mundo, busca não a luminosidade cromática e etérea, mas a cor concretizada em massa pastosa, que se metamorfoseia em outra, ambas saturadas, sem a contaminação das tonalidades médias. SuperfÃcies irregulares, suas pinturas conservam a marca de sua gênese, que não chegam a configurar cicatrizes, por serem simultâneas à sua origem e não opostas à pele já criada. Ponto médio entre cor materializada e matéria cromática, suas últimas obras propõem um novo elemento. Estão mais próximas à potência da lava vulcânica brotando da terra do que à melancolia das neblinas retratadas por Turner. Sua materialidade alude ao elemento vidro – areia fundida ao estado de lÃquido de grande densidade – colorido que conforma o vitral e não à luz intangÃvel por ele filtrada. Sua compreensão da pintura põe diante dos olhos a palheta usada por Monet. Palheta no sentido estrito do termo, significando a madeira em que dispunha as massas de cores puras, onde o tempo, ou melhor, as suas pinturas (as das telas) iam criando uma outra superfÃcie cromática, matriz geradora das impressões retinianas de Giverny. Palheta como a ferramenta que possibilita a pintura, mas em si traz todos os caracteres da mesma, mas também como cor, a matéria que permite que essa pintura aconteça.