Rubedo

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18/08/1998 a 05/09/1998

A luz, de ouro, prata e cobre, impera como brilho, difração, reflexo e como aveludada transparência nos pastéis. A simplicidade máxima coincide com a potência suprema, reinstalando a grande alteridade uma pintura há muito obscurecida: obra e luz efetuam epifania.

Alquimicamente, Feres Khoury interpreta estas suas obras sem que Nigredo, Albedo e Rubedo rubriquem manipulações que um adepto da Grande Obra seja instado a repetir, pois elidem o secreto. Nada nelas se exprimindo, se espremendo, os procedimentos só se analisam em circulações e cruzamentos que os expõem: públicas, as obras são da praça como falas feridas em outra praça, diferimento alegórico em que a alegorese tem no exemplo o tropo por que se paute, estando o que aqui se vê evidente; toda escancarada, a obra é a incandescente alegoria do patente, denunciando-se em sua luz as vias tenebrosas do desejo. Nos exemplos, obras, tal iluminismo é luminista, pois articulado a um exterior, do qual vivem, a que assimilam e que restituem a si mesmo, transmutado. Como o outro da obra, a luz excede o prescritivo das doutrinas das artes, cujo destinatário é um outro domado, como o são a orla, atenuada, ou a forma, variadíssima, segundo preceptiva renascentista, evitada pela alquimia de Feres Khoury. Nele, as fímbrias espessam-se, tornam-se formas, enquanto estas se simplificam e se iteram como os signos figurativos dos Beatos do Apocalipse ou como superfícies sumaríssimas, ressurgindo também o ouro, na doutrina interditado como uso, fonte de luz não simulada, direta. A luz, de ouro, prata e cobre, impera como brilho, difração, reflexo e como aveludada transparência nos pastéis. A simplicidade máxima coincide com a potência suprema, reinstalando a grande alteridade uma pintura há muito obscurecida: obra e luz efetuam epifania, rebrilhando com Feres a metafísica do Areopagita e o panegírico do Silenciário, bocas da pura luz.

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