Visitação
23/07/2022 a 27/11/2022
A ambiguidade do título de Parabrigar, de Helô Sanvoy, remete ao desejo de confronto e de abrigo em uma sociedade oscilante entre a ruína e a construção. Os trabalhos – que lidam com a visualidade dos materiais e suas reverberações simbólicas quando consideradas suas origens e usos – são compostos por cacos de vidro temperado, utilizados geralmente em portas de bancos, vitrines de lojas, fachadas de prédios comerciais e instituições públicas, combinados com outros provenientes, em sua maioria, de demoliçoÌes, além de chumbo, couro e alumínio.
A ambiguidade do título de Parabrigar, de Helô Sanvoy, remete ao desejo de confronto e de abrigo em uma sociedade oscilante entre a ruína e a construção. Os trabalhos – que lidam com a visualidade dos materiais e suas reverberações simbólicas quando consideradas suas origens e usos – são compostos por cacos de vidro temperado, utilizados geralmente em portas de bancos, vitrines de lojas, fachadas de prédios comerciais e instituições públicas, combinados com outros provenientes, em sua maioria, de demoliçoÌes, além de chumbo, couro e alumínio.
Parabrigar (2020), palavra-valise a materializar um procedimento recorrente em Sanvoy, encarna a função operatória que se desprende da ambiguidade constitutiva do neologismo linguístico eleito para nomear a obra – ou conjunto de obras, como é o caso aqui – de manter a significação engendrada a partir dos mecanismos retóricos atuantes em seus limites, explicitamente vacilante: os signos que estruturam sua arquitetura semântico-poética operam a partir de uma cisão que se desnuda no ato de sua leitura/interpretação.
É a gangorra oscilatória entre o “abrigo”, como condição necessária à dignidade, e a constatação de que seu acesso é interditado a um número crescente de indivíduos vulneráveis, que precisam “brigar” pelo direito à moradia, que concede à série que integra este projeto sua significação.
Parabrigar, contudo, não se consuma unicamente como engenhosidade verbal e retira dos objetos e materiais utilizados por Sanvoy sua força alegórica. À maneira de um alegorista, o artista emprega tijolos, material usado para construir abrigo, mas que igualmente pode se converter em ferramenta de luta de resisteÌncia. O tijolo pode ser arremessado contra paredes que dele, paradoxalmente, se constituem. E é justamente aqui que se encontra a razão de ser do pensamento poético de Helô Sanvoy: estamos diante de um mundo que se fabrica como efeito de como a significação se funde com a fisicalidade em que se encerra a obra.
A ambiguidade do título de Parabrigar, de Helô Sanvoy, remete ao desejo de confronto e de abrigo em uma sociedade oscilante entre a ruína e a construção. Os trabalhos – que lidam com a visualidade dos materiais e suas reverberações simbólicas quando consideradas suas origens e usos – são compostos por cacos de vidro temperado, utilizados geralmente em portas de bancos, vitrines de lojas, fachadas de prédios comerciais e instituições públicas, combinados com outros provenientes, em sua maioria, de demoliçoÌes, além de chumbo, couro e alumínio.
Parabrigar (2020), palavra-valise a materializar um procedimento recorrente em Sanvoy, encarna a função operatória que se desprende da ambiguidade constitutiva do neologismo linguístico eleito para nomear a obra – ou conjunto de obras, como é o caso aqui – de manter a significação engendrada a partir dos mecanismos retóricos atuantes em seus limites, explicitamente vacilante: os signos que estruturam sua arquitetura semântico-poética operam a partir de uma cisão que se desnuda no ato de sua leitura/interpretação.
É a gangorra oscilatória entre o “abrigo”, como condição necessária à dignidade, e a constatação de que seu acesso é interditado a um número crescente de indivíduos vulneráveis, que precisam “brigar” pelo direito à moradia, que concede à série que integra este projeto sua significação.
Parabrigar, contudo, não se consuma unicamente como engenhosidade verbal e retira dos objetos e materiais utilizados por Sanvoy sua força alegórica. À maneira de um alegorista, o artista emprega tijolos, material usado para construir abrigo, mas que igualmente pode se converter em ferramenta de luta de resisteÌncia. O tijolo pode ser arremessado contra paredes que dele, paradoxalmente, se constituem. E é justamente aqui que se encontra a razão de ser do pensamento poético de Helô Sanvoy: estamos diante de um mundo que se fabrica como efeito de como a significação se funde com a fisicalidade em que se encerra a obra.