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Máquinas de ver I

Visitação

16/02/2000 a 12/03/2000

As pesquisas visuais de Daniela e Rejane parecem não ter fim. Incursionando pelo limbo de silício que é o universo da realidade virtual, valem-se dos recursos de linguagem providos pela tecnologia para promoverem discussões de ordem muito terrena.

Há muito investigando o universo da tecnologia a serviço das artes visuais, era quase inevitável que as trajetórias de Daniela Kutschat e Rejane Cantoni se cruzassem, restrito que é este campo de atuação. E desde que tal fato se deu, somaram-se inquietações em comum; seriamente envolvidas com suas pesquisas e com um sólido background reforçado por incursões no exterior – mais que um plus, uma real necessidade para os que aqui atuam num segmento que envolve equipamentos de última geração – passam a centrar seus esforços em torno de um denominador comum. Dedicam-se então a sondar as instâncias em que se dá a percepção humana e o leque de operações sensoriais inerente à mesma, através de ambientes virtuais e sistemas de alta tecnologia, convergindo gradualmente para o que se tornaria ponto de interesse central em sua poética: a busca por uma formalização do espaço e do movimento. 
Um pouco destas prospecções se materializa em Máquinas de Ver I (1999), videoinstalação aqui exposta, onde as artistas abandonam temporariamente as mídias cybertech, valendo-se apenas de videoprojeção para traduzir suas inquietações – aqui restritas à possibilidade de expansão do campo visual humano para além dos limites naturais. As imagens projetadas, captadas através de um artefato por elas elaborado, registram uma situação, simultaneamente, de dois pontos de vista – visão frontal e retrovisão —¨- evocando assim uma ampliação adulterada do campo óptico. Associadas à estratégia de projeção, estas imagens geram uma experiência sensorial imersiva, onde o espectador tem seus horizontes perceptivos sutilmente alterados; ao identificar-se com a escala humana do ambiente e ao reconhecer nas imagens cenas do cotidiano metropolitano, percebe também que passa a vivenciar uma condição interativa – ele próprio transposto em interface do processo -, potencializada pelo efeito que Daniela e Rejane muito propriamente chamam “estereoscopia temporal”. Este efeito, gerado a partir da combinação calculada das projeções e baseado em princípios ópticos ancestrais, é o ponto-chave desta empreitada, o elemento de catálise necessário para completa apreensão das propostas aqui introduzidas. E a este fator soma-se a sensação de continuidade distorcida contida nas micro-narrativas visuais, advinda do mesmo processo, completando este sedutor jogo de olhar. 
As pesquisas visuais de Daniela e Rejane parecem não ter fim; e a cada novo projeto renova-se a certeza deste moto-contínuo, reforçada pela amplitude do campo de investigações em que trafegam. Incursionando pelo limbo de silício que é o universo da realidade virtual, valem-se dos recursos de linguagem providos pela tecnologia para promoverem discussões de ordem muito terrena
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