Visitação
20/03/2006 a 07/05/2006
Em Limite, a artista registra a performance de um objeto em vidro que passeia pelo espaço de dentro e de fora da instituição.
A conformação aparentemente parcial e provisória das peças que Mariana Lima apresenta nesta mostra é a sÃntese de efeitos que os próprios trabalhos experimentam na dificuldade de subsistir. Alguns não têm configuração permanente e devem ser refeitos a cada apresentação. Outros dão inÃcio a um impulso de vontade, sem demonstrar chances reais de cumprir os anseios que sugerem. Em comum, têm a integridade duvidosa. As esculturas com alusão a elementos arquitetônicos assumem sua forma final negando a função prática de seus referentes, seja por fragilidade, incompletude ou ambos. Os meios de acesso de um ponto a outro, como a escada e os corrimãos da artista, não interligam nada a lugar nenhum; a coluna de sustentação é uma estrutura oca, não vai do piso ao teto, e sua matéria é o vidro: rÃgido, porém quebradiço. O conjunto detém, enfim, somente as caracterÃsticas elementares que lhe garantem a imediata identificação, com ligeiras alterações a criar buracos, vazios e áreas de intermissão no corpo das peças. Como amostras, fragmentos representativos de uma presença contingente, os trabalhos não são mais que insinuações. Representam meios de conectar ambientes e pavimentos, mas, na verdade, é como se estivessem alheios ao espaço de montagem. As protuberâncias do chão, feitas com pequenos punhados de pigmento vermelho, deixam-se desmanchar sem resistência ao menor dos acontecimentos em seu entorno. O motriz, se houver algum, é o próprio fim. São volumes que estarão —acabados—, prontos, quando estiverem desfeitos. Assim como a escala, a coluna e os corrimãos estarão plenos de sentido quando e se lhe forem reconhecidos os limites da existência.