Visitação
30/06/2023 a 08/10/2023
No projeto Lembranças de um baile de carnaval (apresentado no Paço das Artes, São Paulo, em 2023, momento em que, convalescentes e calejades de tanto luto, tentamos nos reerguer com o fim da Emergência de Saúde Pública referente à covid-19), Karola Braga nos convida aos sentidos olfativos de um carnaval – festa, desbunde, celebração popular da qual tanto nos ressentimos. E logo pelo cheiro, pelo olfato, a artista constitui um espaço que conta histórias para estarmos juntes numa fantasia de real.
No projeto Lembranças de um baile de carnaval (apresentado no Paço das Artes, São Paulo, em 2023, momento em que, convalescentes e calejades de tanto luto, tentamos nos reerguer com o fim da Emergência de Saúde Pública referente à covid-19), Karola Braga nos convida aos sentidos olfativos de um carnaval – festa, desbunde, celebração popular da qual tanto nos ressentimos. E logo pelo cheiro, pelo olfato, a artista constitui um espaço que conta histórias para estarmos juntes numa fantasia de real.
O que nos acontece se dissemina de acordo com as palavras e os interesses de quem nos vê de cima. O modo como esses discursos são produzidos e distribuídos rima quase sempre com negligência, apagamento, invisibilização, com um protagonismo de “grandes figuras”. Trata-se de histórias com fontes “oficiais” que pulverizam monumentos nas cidades e paradigmas dedicados à posteridade. Com essa instalação, Karola nos provoca a imaginar o que seria de nós e das coisas que conhecemos se as fabulações se despedissem de sua pretensa hegemonia. Assim, sua poética pode ser pensada a partir de uma perspectiva de memória e projeto, em simultaneidade e convivência, promovendo entrelaçamentos de desejos possíveis nesse tempo/lugar que chamamos de contemporaneidade. E, sim, o carnaval é um chão a se pisar e de onde podemos imaginar pessoas, lugares, músicas, modos de estar aqui e performar subjetividades.
A instalação conta com um nebulizador, textos e pequenas esculturas de cerâmica que emulam uma embalagem de lança-perfume, além de confetes e serpentinas. Os tons de rosa que cobrem paredes, objetos e mobiliários constituem uma atmosfera onde vozes, memórias, pensamentos parecem ali encontrar pouso, onde histórias podem ser inventadas, fabulações podem ser narradas. Sentimos com o corpo os cheiros nos revolvendo, fazendo-nos dançar numa coreografia temporal entre o aqui-agora, outros carnavais e os que virão. Bailes, farras e os muitos cheiros narram e exalam: uma criança, o perfume de sua mãe, o homem gay que passeia no baile, uma outra mulher que seduz os foliões, o beijo de apaixonades, amigas bebendo. Compartilhamos, então, o mesmo ambiente com o suor que gruda os corpos, as salivas que escorrem entre as bocas, a bebida que escapa dos copos, a urina que empesteia os banheiros, os doces, cítricos, azedos fluindo… e segue o baile.
No projeto Lembranças de um baile de carnaval (apresentado no Paço das Artes, São Paulo, em 2023, momento em que, convalescentes e calejades de tanto luto, tentamos nos reerguer com o fim da Emergência de Saúde Pública referente à covid-19), Karola Braga nos convida aos sentidos olfativos de um carnaval – festa, desbunde, celebração popular da qual tanto nos ressentimos. E logo pelo cheiro, pelo olfato, a artista constitui um espaço que conta histórias para estarmos juntes numa fantasia de real.
O que nos acontece se dissemina de acordo com as palavras e os interesses de quem nos vê de cima. O modo como esses discursos são produzidos e distribuídos rima quase sempre com negligência, apagamento, invisibilização, com um protagonismo de “grandes figuras”. Trata-se de histórias com fontes “oficiais” que pulverizam monumentos nas cidades e paradigmas dedicados à posteridade. Com essa instalação, Karola nos provoca a imaginar o que seria de nós e das coisas que conhecemos se as fabulações se despedissem de sua pretensa hegemonia. Assim, sua poética pode ser pensada a partir de uma perspectiva de memória e projeto, em simultaneidade e convivência, promovendo entrelaçamentos de desejos possíveis nesse tempo/lugar que chamamos de contemporaneidade. E, sim, o carnaval é um chão a se pisar e de onde podemos imaginar pessoas, lugares, músicas, modos de estar aqui e performar subjetividades.
A instalação conta com um nebulizador, textos e pequenas esculturas de cerâmica que emulam uma embalagem de lança-perfume, além de confetes e serpentinas. Os tons de rosa que cobrem paredes, objetos e mobiliários constituem uma atmosfera onde vozes, memórias, pensamentos parecem ali encontrar pouso, onde histórias podem ser inventadas, fabulações podem ser narradas. Sentimos com o corpo os cheiros nos revolvendo, fazendo-nos dançar numa coreografia temporal entre o aqui-agora, outros carnavais e os que virão. Bailes, farras e os muitos cheiros narram e exalam: uma criança, o perfume de sua mãe, o homem gay que passeia no baile, uma outra mulher que seduz os foliões, o beijo de apaixonades, amigas bebendo. Compartilhamos, então, o mesmo ambiente com o suor que gruda os corpos, as salivas que escorrem entre as bocas, a bebida que escapa dos copos, a urina que empesteia os banheiros, os doces, cítricos, azedos fluindo… e segue o baile.