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Grau Zero

Visitação

13/07/2009 a 13/09/2009

Constituído por 12 artistas, brasileiros e estrangeiros, e incorporando produções que dialogam com diferentes linguagens, a exposição investiga imagens que lançam uma reflexão crítica e irônica —“ por vezes corrosiva —“ às estratégias impostas pela indústria cultural.

Grau Zero investiga o dilema das imagens que, cindidas pela superexposição à indústria cultural, habitam hoje um campo de indeterminação, ambigüidade e dúvida. Nesta espécie de “buraco negro” das representações, torna-se impossível discernir o original de suas cópias, a reeencenação da repetição, o natural do posado, o verdadeiro do falso. A um só tempo ocas e densas, vazias e saturadas, vagam à deriva, fantasmáticas, em busca de uma conexão que as religue com suas narrativas originais. Mickey Mouse, Barbie, Darth Vader e outros objetos icônicos reivindicam hoje —“ com um riso cínico nos lábios —“ seu lugar ao lado das nobres imagens da iconoclastia contemporânea, sem hierarquias que as impeçam de existir ou de se reapresentar de maneira insistente.É curioso notar que, se esta profanação do cânone foi celebrada nos anos 1980, retornou como sensação de perda e melancolia a partir do final dos 1990, caso emblemático da célebre obra No Ghost Just a Shel, de Pierre Huyghe/Philippe Parreno, em que os artistas compraram de uma empresa especializada em mangás o direito de uso e imagem de uma heroína chamada Annlee (naquele momento apenas uma personagem sem passado ou história), passando então a criar estratégias para sua sobrevivência, pela via da invenção de narrativas que lhe dessem alma.Na base de Grau Zero se encontra ainda uma história de fascínio e repulsa mútuos (França e América), um ícone que sintetiza este embate e uma dupla de artistas que fez dele um projeto. Last Manoeuvres in the Dark (apresentada no Palais de Tokyo, Paris, em 2008), de Fabien Giraud e Raphaël Siboni, eleva uma célebre imagem da indústria cultura (no caso, a máscara de Darth Vader) à categoria de —œobjeto zero—: uma estrutura oca, de dimensões (espaciais e conceituais) infinitas, disponível a toda sorte de uso e ocupação. Tão vilipendiada e abusada que chegou a uma espécie de limite, de rompimento com qualquer idéia de narrativa, lógica ou moral (como Michael Jackson, O.J. Simpson ou aeronave modelo A330 da Airbus). Deste modo, o vilão de Guerra nas Estrelas não assusta mais ninguém, seja no cinema, no vídeo, no Carnaval ou na versão em terra cota negra dos franceses Giraud e Siboni.

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