Fernanda Chieco

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14/03/2005 a 01/03/2005

A organização do corpo humano é objeto de estudo da artista, mas o equilíbrio e a saúde de seus corpos dependem de uma ordem diversa à sinalizada nos compêndios. Sua obra traz explicações próprias sobre como os sistemas (seus órgãos e canais constitutivos) relacionam-se uns com os outros

Informações técnicas Em atlas e enciclopédias médicas, o corpo humano pode ser definido como um conjunto de sistemas com finalidades específicas, coordenados entre si de maneira a manter a saúde e a vida. A organização do corpo humano é objeto de estudo de Fernanda Chieco, mas o equilíbrio e a saúde de seus corpos dependem de uma ordem diversa à sinalizada nos compêndios. A obra da artista paulista traz explicações próprias sobre como os sistemas – seus órgãos e canais constitutivos – relacionam-se uns com os outros.
Composição O equilíbrio da vida, na obra de Fernanda Chieco, pode depender de duas veias jugulares do sistema circulatório de um corpo estarem conectadas às extremidades do sistema respiratório (narinas) de outro corpo; ou da premissa de que qualquer uma das extremidades do sistema digestivo (boca ou ânus) de um deve estar bem atarraxada à traqueia de outro. Adquire-se, desta forma, um circuito fechado que garante o bom funcionamento dos sistemas. 
Indicações Nesse jogo de montar, também interage com os corpos uma categoria específica de objetos da esfera cotidiana: aqueles produzidos para serem instintivamente acoplados ao corpo humano, funcionando como prolongamentos naturais. Assim, executando uma espécie de estudo fisiológico do objeto utilitário, a artista realiza em seus desenhos, objetos e instalações diversas possibilidades de encaixes e ajustes entre mouses, moedores de carne, manivelas, furadoras elétricas e inaladores em geral, com bocas, ânus, narinas e orelhas. Muitas vezes, o esforço em estabelecer conexões resulta em sistemas fechados, como no desenho Floss, em que um fio dental funciona como um cateter, entrando pela boca e saindo pelo ânus. 
Contra-indicações e reações adversas Não são conhecidas as contra-indicações específicas, nem a intensidade e a frequência das reações adversas à obra de Fernanda Chieco. Porém, a exemplo de experimentos científicos ou procedimentos de tortura, seus equipamentos são frequentemente desenhados com a finalidade de estimular ou destruir as funções do corpo (submetendo-o a posições e situações inesperadas). A imprevisibilidade é, portanto, premissa básica da obra. No desenho Mimoso 2, um braço é transformado em ar por um moedor de carne. Mas há casos em que se observa o desaparecimento total do corpo. Na série de objetos intitulada Shrunken heads, corpos são inteiramente sugados por próteses. 
Instruções de uso Na obra de Chieco, desenhos e instalações estão a serviço de experimentos. Na noite de abertura da exposição no Paço das Artes, a instalação Red Iight suction device é utilizada por quatro corpos, conduzidos a ingerir a luz vermelha emitida de um equipamento feito de chupetas, tubos de mergulho e um ventilador de teto. Não há registro do intuito que conduz a tal classe de experimento. Possivelmente seja similar ao que leva um inventor do século XVIII a criar uma colher dupla para gêmeos, ou um surrealista do século XX a juntar uma lâmina de barbear a um globo ocular. Em Chieco, não se trata de ressignificar as coisas do mundo real, mas de produzir o inventário de uma nova categoria de seres-objetos.
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