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Visitação

11/08/2001 a 09/09/2001

O artista usa elementos como sal, graxa, madeira, ferro e grama viva para criar pinturas, desenhos, esculturas e instalações. Apresentou no Paço das Artes uma série de peças e intervenções que estabeleciam um embate entre o plano e o espaço, questão recorrente em sua poética.

o silêncio do sonhotraduzindouma imagem-movimentoque se desfazentre a verdade dos instantes Rodrigo Garcia LopesO olhar do pintor – aquele que observa com cuidado -, capaz de operar com vários matizes de cores e percebê-los surgindo nas veladuras, é o olhar de Vicente Martinez ao realizar suas obras com fita adesiva transparente sobre parede. O brilho da fita contra a opacidade da parede opera como o verniz sobre a tela. A luz sobre a superfície transparente, favorece o reflexo de diferentes nuanças de cor.

Vicente Martinez vale-se apenas de pedaços de fita adesiva cortados em tamanhos regulares e aplicados com intervalos igualmente regulares, geometricamente formando círculos – à maneira de uma tabela cromática. Estabelece um diálogo com a minimal art – cujo princípio é propor objetos de formas simples, simétricos, mecanicamente acabados, geralmente fabricados em materiais industriais perenes —“ ao questioná-la: utiliza um objeto industrial, mas de qualidade perecível/orgânica que sofrerá metamorfoses em decorrência da ação do tempo e de fatores ambientais. Aparenta meticulosidade na fatura, mas o corte e aplicação da fita são imprecisos. As tiras são produzidas pela mão do artista munida de uma tesoura e aplicadas uma a uma cuidadosamente sobre a parede num processo artesanal – ousaria dizer nesse momento. O gesto humano de aplicar, repetido, revela as imperfeições/variações na morfologia das tiras e torna imprevisível o resultado, diferindo de qualquer procedimento mecânico de acabamento industrializado, como proposto pela minimal art
Ao considerar o trabalho na simplicidade de sua apresentação, cabe citar a célebre máxima do pintor norte-americano Frank Stella —œO que se dá a ver é o que você vꗝ (what you see is what you see), ou seja, – tiras de fita adesiva transparente sobre a superfície de uma parede. Simultaneamente, a obra acontece no âmbito complexo das relações: a fita por sua qualidade de transparência e brilho, absorve e irradia todo o espectro cromático em contato com a luz. O espectador frente a essa transparência passa a ser ele mesmo fonte de cor —“ assim como qualquer objeto do entorno. Espelhado nas fitas, colore e interage com a obra. Contempla. Experimenta um universo de sensações.  
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