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Celina Yamauchi

Visitação

24/11/1998 a 21/12/1998

A artista constrói paisagens a partir de justaposições de desenhos e fotografias em preto e branco. Os desenhos são feitos diretamente sobre o filme fotográfico, são incisões.

—œ… permanecer na memória ponto por ponto, na sucessão das ruas e das casas ao longo das ruas e das portas e janelas das casas, apesar de não demonstrar particular beleza ou raridade. O seu segredo é o modo pelo qual o olhar percorre as figuras que se sucedem como uma partitura musical da qual não se pode modificar ou deslocar nenhuma nota.” Italo Calvino 

Há um elemento fundamental e vital para a compreensão do universo da criação das paisagens fotográficas de Celina Yamauchi. Aqui, o que menos importa são as tradicionais questões que permeiam – desde o século passado – as discussões sobre as linguagens artísticas, suas crises e seus rumos. Não se trata, portanto, de questionar a adequação no uso deste ou daquele procedimento técnico, mas sim de mergulhar nas imagens: apreender a materialização de “lugares” sobre o papel fotográfico.
Confluência de experiência, significação e memória, estes fragmentos de vida são, em verdade, resultado de um decantamento no processo de investigação do olhar sobre o espaço da natureza. 
A escolha: recortes de uma paisagem transformam-se em desenhos realizados a partir daquelas imagens fotográficas. Convertidas em índices gravados sobre a película de filme velado, são ampliados e reproduzidos.
O gesto corresponde à rapidez gráfica sobre diminutas superfícies de gelatina e celuloide, aglutinando procedimentos. Realizado em instantes, esta rapidez da ação aponta para uma correspondência direta ao traço do desenho, ao gesto de cavar da gravura e, não ao instantâneo fotográfico.
A paisagem – saturada de significados – nos apresenta, de início, indícios desta presença: não a ambiguidade de espaços indeterminados, mas a referência do lugar desaparecido. Autodeterminante, o gesto interferidor – superado seus limites – permanece, constrói o espaço e realiza-se, pervertendo-nos doce e suavemente o olhar. Não há resquícios ou ruínas, apenas existência.
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