Visitação
24/06/1997 a 13/07/1997
O artista apresenta no Paço das Artes uma série de grandes caixas rasas de pinho cru com tampas, trabalhadas internamente com materiais diversos. Em suas obras, o vazio se impõe como linguagem plástica do mesmo modo que material.
A passagem da pintura para esculturas e instalações foi irreversÃvel. Em 1991 o linho, que até então era utilizado nas telas, ganha forma de objetos com apelo mais forte. A compartimentação, a ocupação tridimensional dos espaços, a acuidade na execução e montagens dos trabalhos, se dão por conta da formação de arquiteto, assim como a organização e disposição racional de elementos múltiplos, evidenciados na maioria das obras, que mapeiam paredes ou pisos, convidando o espectador a adentrá-Ios, com o olhar explorando o entendimento de materiais e formas simples e curiosas. A repetição permite diálogo entre o conceitualizar e o fazer permanentes, além da racionalidade pressuposta na afirmação da mão que executa. Transformar espaços vazios e cheios em composições escultóricas, formas orgânicas que ao se reproduzirem constituem-se em uma espécie de escrita, código, ou sÃmbolo, que, com discurso poético sintetizam o gesto. O vazio na realidade se impõe como linguagem plástica do mesmo modo que material, o que pretendi na série Caixa com ResÃduos, onde grandes caixas rasas de pinho cru com tampas, são trabalhadas internamente em suas duas faces. Gesso, carvão, madeira são alguns dos materiais utilizados individualmente nos trabalhos. Nas caixas se guardam memórias, na tampa é executada a ação, covas, marcas, fendas, cicatrizes e mutilações são construÃdas à partir da destruição, nelas são executados os vazios irregulares, porém ordenados. Na base, sob o pó do material desfeito, percebe-se um retalho de lençol, o lençol é para o repouso, ele exibe os montes de resÃduos consequente da “destruição” esses são objetos. O conjunto forma paisagens geométricas em malha rÃgida. A geometria é imposta no trabalho orgânico, que ordenado, cumpre o objetivo do registro.