Visitação
22/08/2000 a 29/08/2000
A instalação biotecnológica Bonsai eletrônico, apresentada na Temporada de Projetos, investiga a interação entre a vida artificial do computador e os corpos biológicos de uma planta e do homem.
A instalação biotecnológica Bonsai eletrônico – Mimosa Pudica, que o artista multimÃdia Ivan David apresenta no Paço das Artes, investiga a interação entre a vida artificial/inorgânica do computador e os corpos biológicos/orgânicos de uma planta e do homem. Da máquina de Turing aos computadores de quinta geração ocorreram grandes transformações, em que os referenciais de tempo e de espaço atuam sobre todos os campos do saber e modificam de maneira irreversÃvel, direta ou indiretamente, o cotidiano de todos. A arte, respondendo aos imperativos decorrentes do momento, atualiza, pesquisa e repensa as atividades humanas e artÃsticas lançando desafios, apresentando outras alternativas de expressão e alterando significativamente as relações entre produção, crÃtica e consumo. Os homens não são mais regidos por normas lineares, o mundo contemporâneo/tecnolóqico é de fragmentação, de grandes mutações, de descontinuidade, pressupondo uma sensibilidade alavancada pelas possibilidades de interagir com as máquinas. As simbioses entre um corpo inorgânico, que ganha cada vez mais feições humanas, e um corpo orgânico, que é transformado e se deixa imergir em descobertas da tecnociência, ampliam a capacidade de apreensão de uma realidade em que o virtual se sobrepõe ao real e cria outras representações. A arte, mantendo a caracterÃstica emancipadora, reflexiva e crÃtica, atua – positiva ou negativamente, apocalÃptica ou ingenuamente – sobre questões cientÃficas, antropológicas, filosóficas, éticas e morais, integrando o novo devir. Inserido nesse contexto, o trabalho de Ivan David propõe dois nÃveis de participação: o do espectador, que toca suavemente a planta, observa a sua retração e a interação com o teclado do computador e, em seguida, manipula suas teclas compondo, por meio das imagens que são projeta das no telão, uma trajetória iconográfica que é sua, única; e outro, entre a planta e o teclado, simbolizando a total integração imaginada entre os dois corpos.