A floresta

Temporada de Projetos 2022

Visitação

23/07/2022 a 27/11/2022

Por que estamos mais afeiçoados a nossos aparatos digitais que aos seres ao nosso redor? A floresta, de Mari Nagem, nasce desse contexto e se abre para uma percepção integrada natureza–humano-máquina. A tela chroma-key – seria esse um espaço ideal para selfies? – é um painel verde-flúor, tom usado no início da computação gráfica e raramente encontrado na natureza, supersaturado, beirando o artificial, cor essa que se expande para os demais elementos que compõem a instalação, à exceção de uma única planta, que parece se agarrar à vida em meio aos aparatos tecnológicos.

Por que estamos mais afeiçoados a nossos aparatos digitais que aos seres ao nosso redor? A floresta, de Mari Nagem, nasce desse contexto e se abre para uma percepção integrada natureza–humano-máquina. A tela chroma-key – seria esse um espaço ideal para selfies? – é um painel verde-flúor, tom usado no início da computação gráfica e raramente encontrado na natureza, supersaturado, beirando o artificial, cor essa que se expande para os demais elementos que compõem a instalação, à exceção de uma única planta, que parece se agarrar à vida em meio aos aparatos tecnológicos.

Não sei se podemos chamar exatamente de janela a pequena abertura no centro de uma parede em A floresta, instalação que dá nome à individual de Mari Nagem. Não sabemos bem o que é, mas a atração voyeurística pelo que está atrás daquela brecha é imediata: caminhamos, intrigados, em busca de uma outra paisagem menos controlada e artificial; quem sabe a floresta prometida ou só um respiro para a visão saturada pelo verde chroma-key, transportado diretamente de um fundo de tela brilhante para o espaço real.

A ideia de que as janelas virtuais substituíram as janelas arquitetônicas reais foi muito evocada nos primórdios da internet, quando essa mesma palavra começou a ser usada para nomear recursos como o sistema operacional da Microsoft. Em seu livro The Virtual Window: From Alberti to Microsoft (2006), Anne Friedberg analisa muito bem essas associações, aproximando a criação da perspectiva na pintura às janelas virtuais que surgem com as telas do cinema, da televisão e do computador. Um de seus argumentos é o de que as metáforas das janelas como representação passaram a ser usadas também para as telas, uma substituição das anteriores e outra forma de moldura de como o mundo chega até nós.

A ideia de construir um ponto de selfie com o nome de A floresta tem algumas referências claras: o protagonismo da humanidade versus natureza, a total indiferença do atual governo pelo colapso ambiental da Amazônia, como se floresta não fosse mais que um conceito genérico, uma imagem ilustrativa de um fundo de tela do Windows. Mas a melhor parte desse trabalho está na abordagem cômica que a artista consegue trazer, talvez a forma mais interessante de nos conectarmos com o ridículo daquela situação: é sério que vamos parar para tirar selfies com esse fundo artificial “cromaqui”, de costas para o que deveria ser visto?

Por que estamos mais afeiçoados a nossos aparatos digitais que aos seres ao nosso redor? A floresta, de Mari Nagem, nasce desse contexto e se abre para uma percepção integrada natureza–humano-máquina. A tela chroma-key – seria esse um espaço ideal para selfies? – é um painel verde-flúor, tom usado no início da computação gráfica e raramente encontrado na natureza, supersaturado, beirando o artificial, cor essa que se expande para os demais elementos que compõem a instalação, à exceção de uma única planta, que parece se agarrar à vida em meio aos aparatos tecnológicos.

Não sei se podemos chamar exatamente de janela a pequena abertura no centro de uma parede em A floresta, instalação que dá nome à individual de Mari Nagem. Não sabemos bem o que é, mas a atração voyeurística pelo que está atrás daquela brecha é imediata: caminhamos, intrigados, em busca de uma outra paisagem menos controlada e artificial; quem sabe a floresta prometida ou só um respiro para a visão saturada pelo verde chroma-key, transportado diretamente de um fundo de tela brilhante para o espaço real.

A ideia de que as janelas virtuais substituíram as janelas arquitetônicas reais foi muito evocada nos primórdios da internet, quando essa mesma palavra começou a ser usada para nomear recursos como o sistema operacional da Microsoft. Em seu livro The Virtual Window: From Alberti to Microsoft (2006), Anne Friedberg analisa muito bem essas associações, aproximando a criação da perspectiva na pintura às janelas virtuais que surgem com as telas do cinema, da televisão e do computador. Um de seus argumentos é o de que as metáforas das janelas como representação passaram a ser usadas também para as telas, uma substituição das anteriores e outra forma de moldura de como o mundo chega até nós.

A ideia de construir um ponto de selfie com o nome de A floresta tem algumas referências claras: o protagonismo da humanidade versus natureza, a total indiferença do atual governo pelo colapso ambiental da Amazônia, como se floresta não fosse mais que um conceito genérico, uma imagem ilustrativa de um fundo de tela do Windows. Mas a melhor parte desse trabalho está na abordagem cômica que a artista consegue trazer, talvez a forma mais interessante de nos conectarmos com o ridículo daquela situação: é sério que vamos parar para tirar selfies com esse fundo artificial “cromaqui”, de costas para o que deveria ser visto?

Governo do Estado de SP