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Lançamento do livro de Lenora de Barros

Data

08/12/2016 a 20/12/2016

Paço das Artes lança livro de Lenora de Barros no MIS


O Paço das Artes —“ instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo —“ lança o livro ISSOÉOSSODISSO, de Lenora de Barros, no dia 13 de dezembro, às 19h, no MIS (2º andar). A organização é de Priscila Arantes (diretora artística e curadora do Paço das Artes) com edição de Eliane Stephan e Lenora de Barros. Entrada gratuita.



A publicação bilíngue (português/inglês) é resultado da exposição homônima com curadoria de Priscila Arantes, que esteve em cartaz de 30 de abril e 30 de julho de 2016, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, no Bom Retiro. 


ISSOÉOSSODISSO traz o registro da mostra, o texto curatorial, além de ensaios da artista e dos convidados Felipe Scovino, Luisa Duarte e Noemi Jaffe.



Saiba mais sobre a exposição



Para a curadora, ISSOÉOSSODISSO funciona como uma metáfora do processo de criação da artista. —œNeste processo, é possível perceber um elemento comum: as obras de Lenora de Barros sempre se desdobram, gerando ecos em outras obras. Um texto escrito transforma-se em um vídeo. Uma performance se desdobra em uma vídeoperformace. Uma mesma imagem, uma boca entreaberta, um olhar assustado, aparece em diferentes trabalhos que se inter-relacionam—, afirma.



Lenora de Barros conta que o poema que batizou a exposição foi criado em 1996 para uma performance que realizou com Arnaldo Antunes num congresso da Sociedade Brasileira de Psicanálise (O desejo é o começo do corpo/O corpo não mente). Em 2010, na galeria do Oi Futuro Ipanema, RJ, Lenora criou em uma vitrine um poema visual a partir desse mesmo enunciado. —œA partir do momento que Priscila definiu o recorte da curadoria —“ o viés performático da minha obra —“ comecei a perceber claramente que o meu trabalho funciona como —˜isso é osso disso—™. Vivo um processo em que muitas de minhas obras vão migrando e se transformando em outras—, diz.



Priscila Arantes sinaliza, ainda, que o trabalho de Lenora de Barros é um —œeterno work in progress, em que uma obra gera eco em outra. Este é o caso, por exemplo, da performance Pregação, apresentada na abertura da exposição, que é uma releitura das obras Calaboca e Silêncio (1990/2006), também presentes em ISSOÉOSSODISSO—.



A exposição resgatou também o resultado da reflexão de Lenora de Barros sobre o conceito de antropofagia, formulado por Oswald de Andrade, fruto de sua participação na 24ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1998, conhecida como Bienal da Antropofagia. Convidados por Paulo Herkenhof e Haroldo de Campos, Lenora de Barros, ao lado de Arnaldo Antunes (1960) e Walter Silveira (1955), apresentaram a instalação A contribuição multimilionária de todos os erros, que contava com plotagens fotográficas, entre elas Língua Vertebral e No país da língua grande daí carne a quem quer carne, em que a artista aparece mastigando a própria língua. Esse trabalho se transformaria em videoperformance em 2006.



—œPara a Bienal mergulhei no universo de Oswald de Andrade e criei duas fotoperformances – Língua vertebral e No país da língua grande, dai carne a quem quer carne. O título dessa segunda obra foi criado a partir da frase —œno país da cobra grande—, que está no Manifesto Antropófago, e o intuito era expressar a ideia de uma ação antropofágica e deglutidora gerando sentidos, significados, linguagem. Em Língua vertebral, tratei a imagem da língua, e dei a ela, através da sobreposição de uma espinha dorsal, uma estruturação—, conta Lenora.


Dentro desse contexto, Lenora lembra, ainda, da influência de Lygia Clark, cujo trabalho teve contato na década de 1970, e do impacto que Baba antropofágica (1973) lhe causou na época. 


A imagem da língua apareceu pela primeira vez na obra de Lenora falicamente —œfecundando— as letras da máquina de escrever, no célebre Poema, fotoperformance de 1978, também em exibição na mostra.


A primeira videoperformance de sua carreira Homenagem a George Segal (1985), dirigida por Walter Silveira, foi mais um resgate da exposição. Nas palavras de Priscila Arantes: —œa utilização do corpo, neste caso de seu rosto, também se faz presente em Homenagem a George Segal, primeiramente poema visual, realizado em 1975 –que se transformou dez anos depois em sua primeira videoperformance, inspirada nas figuras solitárias e patéticas do escultor norte americano. Aqui Lenora desenvolve uma ação cotidiana de escovar os dentes. No vídeo, sua mão e rosto são gradativamente encobertos por pasta de dente, em uma espécie de —˜paralisação—™ absoluta, paralisação que ecoa por toda a exposição, seja na impossibilidade da fala ou na interdição do olhar: Ela não quer ver, Já vi tudo, Fogo no Olho, Calaboca e Silêncio, Estudo para Facadas.—



Outra vertente da curadoria apresentou o conjunto de trabalhos criado a partir da obra Procuro-me (2001), inicialmente publicada no caderno Mais! (Folha de S. Paulo) logo após a queda das Torres Gêmeas, que se transformou numa série de cartazes, vindo a se tornar mural lambe-lambe e vídeo. Quando expostos na fachada do Centro Universitário Maria Antonia, em 2002, os quatro cartazes plotados foram pichados, e alguns recortados e roubados 15 dias após a abertura, e um grupo, que se autodenominava Art-Atack, assumiu as pichações. Em seguida, Lenora de Barros iniciou um processo de —œrecuperação— e resgate dessas imagens, que resultariam nas obras da série Retalhação.



Para a mostra, a artista criou um novo mural de lambe-lambes em que mesclou a imagem original dos cartazes de Procuro-me com imagens da intervenção do Art-Atack, enviadas à artista pelo grupo na época. 


Em ISSOÉOSSODISSO, a artista contou pela primeira vez o processo e a história dessa série por meio de documentos, tais como as cartas originais que lhe foram enviadas. —œAo fazer a obra Hífen (2007), da série Retalhação, achei que tivesse encerrado o percurso desse trabalho –e que esse sinal gráfico que de algum modo me unia e separava do grupo funcionaria como o ponto final dessa história. Mas talvez Procuro-me vai continuar, sempre, a me procurar. É um outro —˜osso disso—™, diz Lenora de Barros.



Sobre a artista



—œDesde o início de minha trajetória, trabalho com os vários aspectos da linguagem. Minhas primeiras experiências, em meados dos anos 70, se deram a partir da palavra e da fotoperformance, influenciada pelas conquistas de linguagem da poesia concreta. Seus conceitos, sua vocação multidisciplinar e seu diálogo com outras linguagens artísticas apontaram possibilidades e direções a serem exploradas. Tentei expandir para o espaço o aspecto verbivocovisual da linguagem, procurando, sempre, uma poética que contemplasse o verbal, o sonoro, a oralidade e o visual”, diz a artista.



Lenora de Barros (São Paulo / SP, 1953) é formada em linguística pela Universidade de São Paulo. Poeta e artista visual, eu trabalho se desenvolve a partir de diversas linguagens, como o vídeo, a performance poética, a fotografia e a instalação. Participou como artista-curadora da “Radiovisual”, na 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, RS), 2009.



Expôs em diversas coletivas, dentre as quais se destacam a Resistance Performed – Aesthetic Strategies under Repressive Regimes in Latin America, Migros Museum, Zurich, Switzerland, art.br#3 Poiesis in práxis, no Pioneer Works (Nova York, EUA), 2014; VERBO, na Galeria Vermelho (São Paulo), 2014; Encruzilhada, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro-RJ, wehavenothingtosay, Mandragoras Art Space, com Laura Lona, New York-NY, ULTRAPASSADO I and II, galeria Broadway 1602, New York, 2014, as Bienais de Cerveira (Portugal) e Thessaloniki (Grécia), 2013; 18º Festival de Arte Contemporânea SESC Videobrasil (São Paulo, SP), 2013; Para (saber) escutar, com Teresa Serrano, na Casa Daros Latinoamerica (Rio de Janeiro, RJ), 2013; Circuitos cruzados: O Centro Pompidou encontra o MAM, Museu de Arte Moderna (São Paulo), 2013; III Mostra do Programa de Exposições 2012, Centro Cultural São Paulo, 2012; e 11ª Bienal de Lyon (França), 2011.



Dentre as individuais recentes, destacam-se as apresentadas no Pivô (São Paulo), 2014; na Casa de Cultura Laura Alvim (Rio de Janeiro), 2013; e Sonoplastia, na Galeria Millan (São Paulo), 2011. Sua obra faz parte de coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior, tais como: Museu d—™Art Contemporani (Barcelona, Espanha), Daros Latinamerica (Suíça e Brasil) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (Brasil).



Sobre a curadora


Priscila Arantes é diretora artística e curadora do Paço das Artes, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, desde 2007. Entre 2007 e 2011 foi diretora adjunta do MIS (Museu da Imagem e Som). É pós-doutora pela Pennsylvania State University (EUA), doutora em Comunicação e Semiótica pela (PUC/SP), pesquisadora, crítica de arte e professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu.

Em 2007, foi finalista do 48º Prêmio Jabuti pela publicação Arte@Mídia: perspectivas da estética digital (Ed.Senac/Fapesp). Em 2012, foi contemplada com o prêmio da Getty Foundation (USA), para participar da 101ª Conferência Anual da College Art Association (CAA). É autora também de Reescrituras da Arte contemporânea: história, arquivo e mídia (Editora Sulina, 2015). Entre suas curadorias no Paço das Artes, destacam-se os projetos Livro_Acervo (2010), Para Além do Arquivo (2012), Arquivo Vivo (2013), MaPA: Memória Paço das Artes, Abrigo de paisagem/Veículo de passagem (2015), de Rodrigo Braga, e Migrações (2016), de Marcelo Brodsky. 


SERVIÇO


Livro ISSOÉOSSODISSO | Lenora de Barros


Org.: Priscila Arantes

Edição: Eliane Stephan e Lenora de Barros

Lançamento: 13 de dezembro, às 19h | Grátis

Local: MIS (foyer do LABMIS) —“ 2ª andar

Realização: Paço das Artes

Patrocínio: Galeria Millan

Apoio: Oficina Cultural Oswald de Andrade e Fedrigoni
Impressão: Ipsis


Paço das Artes no MIS

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