“Diante da imagem, estamos sempre diante do tempo.” (Georges Didi-Huberman)   

O que é essa tal de arte, afinal? Ou melhor, o que e por que começamos a classificar determinada produção cultural como arte? Definir algo como arte ou não arte é assunto complexo que sempre vem carregado de juízos de valor com os quais lidamos sem ao menos sabermos, muitas vezes, de onde vieram tais julgamentos. Vale a mesma reflexão para as chamadas “belas artes” e as ideias de beleza, qualidade, patrimônio cultural, entre outras.  

Este curso tem foco nas artes visuais e seu principal objetivo é proporcionar caminhos para a interpretação de obras de arte e imagens produzidas ao longo do tempo, bem como refletir sobre as ideias contidas em tais produções culturais visuais que permaneceram ao longo da história ocidental. Assim, algumas questões que norteiam o curso são as seguintes: como podemos entender a história a partir das imagens? Como saber sobre as histórias das imagens? A produção cultural visual das sociedades nos dá pistas sobre como pensavam e como queriam fazer pensar?   

A proposta é discutir o conceito de arte considerando os estudos da história da arte e da cultura visual, apresentando, a partir de um recorte na história ocidental, de forma cronológica, um viés mais tradicional sem, no entanto, excluir as produções de artistas mulheres, negros/as e de povos nativos das Américas, produções que ao longo do tempo foram apagadas da história. 

O curso é dividido em cinco módulos (podem ser cursados separadamente), que vão tratar da produção cultural visual e manifestações artísticas desde a chamada pré-história até os movimentos artísticos que surgiram na primeira metade do século 20. Em cada encontro, serão abordados os principais aspectos relacionados à estética do período estudado, os principais artistas e o contexto histórico, cultural e social em que tais obras foram produzidas.   

O curso tem sua metodologia pautada na mediação cultural, ou seja, as aulas acontecerão de modo dialogado com os participantes, a partir de imagens selecionadas e exibidas para análise, bem como seus contextos (produção e recepção).   

Módulo I – Da arte rupestre à baixa Idade Média 

Aula 1 | Arte rupestre e Egito Antigo. 

Conceitos de arte e de cultura visual. Arte como fonte histórica. Arte rupestre. Egito antigo. 

A partir das análises de imagens previamente selecionadas, os temas citados serão discutidos. O momento inicial da aula é introdutório, pois os conceitos de arte e cultura visual serão retomados na segunda aula, bem como nos módulos seguintes. 

Aula 2 | Grécia antiga (períodos arcaico, clássico e helenístico). 

A partir de imagens previamente selecionadas, nesta aula serão analisadas a produção cultural visual de cada período citado, percebendo o contexto de produção das obras e as transições deles. 

Aula 3 | Arte na Roma Antiga. 

Seguindo o período da Antiguidade europeia, serão analisadas as características das obras executadas no período romano, percebendo as semelhanças e diferenças em relação ao mundo grego além do surgimento de uma estética paleocristã. 

Aula 4 | Arte bizantina e islâmica. 

Transformações ocorridas no momento em que a capital do Império Romano se transfere para Constantinopla e produção cultural visual e características estéticas da arte religiosa bizantina e islâmica. 

Aula 5 | Alta Idade Média – novos estilos: povos bárbaros, carolíngeos, otonianos e românicos. A fé militante. 

Europa ocidental e uma produção visual nova, construída por povos e reinos diferentes. Reflexão e problematização da produção estética e visual de povos não europeus nessa mesma época. 

Aula 6 | Baixa Idade Média. Gótico. 

Encerramento do longo período da história denominado medieval a partir das produções visuais do gótico. Características estéticas da arte gótica, transformações políticas, sociais e econômicas da cidade medieval e o período de transição para o que na história da arte convencionou denominar Renascimento. 

Módulo II – do Renascimento ao Maneirismo 

Aula 7 | Renascimento – Trecento (séc. 14). Transformações sociais e estéticas do período. 

Abordagem de forma crítica o conceito de “renascimento”. Apresentação das características da produção cultural visual produzida no período denominado “trecento”, contextualizando-as com o tempo em que foram realizadas e expostas, bem como com a contemporaneidade. 

Aula 8 | Renascimento – Quattrocento. Características estéticas e os artistas do século 15. 

Características estéticas da arte e de artistas do século XV com discussão do contexto histórico de tais produções e artistas, retomando a crítica ao conceito de “renascimento” e acrescentando um olhar crítico às noções de beleza e genialidade nas artes visuais. 

Aula 9 | Renascimento – Cinquecento. Características estéticas e os artistas do século 16. 

A aula tratará do último período da Renascença italiana, suas características estéticas e artistas mais citados, além do contexto de transição para o Maneirismo que virá a seguir. 

Aula 10 | A Renascença fora da Península Itálica (parte 1). 

Contexto político, social, cultural e econômico. Apresentação e discussão de artistas dos Países Baixos, Flandres, Sacro Império Germânico, Inglaterra e Península Ibérica do mesmo período do Renascimento que ocorria na Itália. Encerramento da discussão sobre o conceito de “renascimento” e as possibilidades de leituras de tais obras na contemporaneidade. 

Aula 11 | A Renascença fora da Península Itálica (parte 2). 

Aula 12 | Maneirismo. 

Artistas maneiristas e suas obras, contexto histórico e cultural do século 16 e a revisão dos valores clássicos privilegiados pela Renascença. Análise das expressões do Maneirismo no Brasil. 

Módulo III – do Barroco à arte acadêmica 

Aula 13 | Barroco – Europa (parte 1) 

Características estéticas da arte barroca na Europa, bem como seus artistas. Análise do contexto social, cultural e político e a relação direta do Barroco com a contrarreforma e com o absolutismo ibérico e francês, especialmente. Características da arte barroca nos países baixos e península itálica, entre outras regiões europeias. 

Aula 14 – Barroco – Europa (parte 2). 

Aula 15 | Barroco – América Latina em geral, Brasil em especial. 

Estética barroca e as possibilidades que ela trouxe na representação de uma religiosidade latino-americana, no geral, e brasileira em particular. Características regionais do barroco brasileiro. 

Aula 16 | Rococó – Europa e Brasil 

A última aula deste módulo apresenta as características e os artistas do estilo Rococó, que surgiu na França no século 18 como um desdobramento do Barroco. Também apresentará obras que podem ser consideradas como arte rococó ou influenciadas por ela no Brasil. 

Aula 17 | Arte acadêmica: neoclassicismo europeu. Arte e identidade nacional. Surgimento dos museus. 

Nesta aula serão abordados o estilo neoclássico e o contexto sociocultural que fomentaram a estética que resgata valores clássicos da antiguidade. Além disso, como a arte acadêmica foi utilizada para a construção da identidade nacional na Europa pela sua difusão nos grandes museus. 

Aula 18 | Arte acadêmica no Brasil: Missão artística francesa (1816). Arte e identidade nacional nos museus brasileiros. 

Esta aula é uma continuação da aula anterior, agora com foco na produção artística brasileira no século 19, com o surgimento da Escola de Belas Artes. Também será discutida a tentativa da construção de uma identidade nacional a partir do uso da cultura visual. 

Módulo IV – do Romantismo ao Brasil modernista 

Aula 19 | Romantismo. Imagens que criam imaginários. Era das revoluções. 

Esta aula analisará a construção de um imaginário e da identidade nacional a partir da análise de produções artísticas visuais românticas, na Europa e no Brasil, num contexto revolucionário (Revolução Francesa, Industrial, Independências). Tratará também da cultura visual presente na vida cotidiana (cédulas e moedas, imprensa etc.) 

Aula 20 | Realismo. Ciência e crítica social. 

Estudo da pintura e escultura realista como crítica social para, a partir daí, tecer considerações críticas contextualizadas à arte acadêmica, ao nacionalismo e ao ideal de beleza resgatado pelo neoclassicismo que reverbera na atualidade. 

Aula 21 | Impressionismo e pós-impressionismo. Fotografia. 

Conceito de moderno/modernidade nas artes, entendendo o contexto histórico e cultural da época. Primeira vanguarda europeia: o Impressionismo e seu desdobramento, o pós-impressionismo. Surgimento da fotografia e as experiências artísticas com essa nova técnica. 

Aula 22 | Simbolismo. Fauvismo. Expressionismo. 

Seguindo a apresentação de artistas das vanguardas europeias, serão estudados os movimentos citados, relacionando a produção ao contexto, sem desconsiderar nosso olhar atual sobre tais produções. 

Aula 23 | Cubismo. Futurismo. Suprematismo. 

Vanguardas e a relação com o contexto político europeu. 

Aula 24 | Brasil modernista antes da Semana de Arte Moderna de 1922. Semana de Arte Moderna. 

Retomada do conceito de moderno/modernidade com o olhar para as produções de artistas brasileiros na chamada fase inicial do modernismo brasileiro. 

Módulo V – do Abstracionismo a Pop art e contracultura 

Aula 25 | Abstracionismo, Dadaísmo, ready-made e Surrealismo. 

Retomada as discussões acerca do conceito de moderno/modernidade, contextualizando histórica e culturalmente a Europa entre guerras. Movimentos abstracionista e dadaísta, com destaque para as obras ready-made e sua provocação sobre o conceito de arte. Surrealismo e seu contexto. 

Aula 26 | Art nouveau e outros processos de uso das artes gráficas. Art déco. 

Nesta aula, será tratado do estilo conhecido como art nouveau e outras propostas de artes gráficas para entender a utilização de imagens em publicidade, sejam imagens para vender produtos, sejam imagens para vender propostas de governos. Bauhaus e do art déco. 

Aula 27 | Modernismo na América Latina. 

Impactos do modernismo na América Latina, onde os maiores expoentes são o movimento muralista mexicano e as obras de Frida Kahlo. Outras/os artistas latino-americanos do período, contextualizando suas obras. 

Aula 28 | Modernismo no Brasil do Estado Novo. 

Após a semana de Arte Moderna de 1922, as/os artistas modernistas seguiram criando. Outras fases do modernismo brasileiro e o uso de imagens durante o regime ditatorial do Estado Novo. 

Aula 29 | A arte no pós-guerra: concretismo, neoconcretismo e expressionismo abstrato. 

Nesta aula, será abordado, a partir de algumas obras, o pensamento plástico após as desilusões da 2ª Guerra Mundial. 

Aula 30 | Caminhos da arte na segunda metade do século 20: pop art, op art, performances e contracultura 

Na última aula do curso, será discutida a década de 1960, os movimentos de contracultura como a Tropicália, por exemplo, para que conhecer a produção artística que baseou a chamada arte contemporânea.