Data
30/09/2014 a 17/10/2014
O Núcleo Cinematográfico de Dança apresenta o espetáculo BLOW UP vol.1 de 9 a 17 de outubro no Subsolo do Paço das Artes. As apresentações ocorrem de quinta-feira a sábado à s 20h, e no domingo, à s 19h. A entrada é gratuita.
Quem conhece o Núcleo (saÃdo do Estúdio Nova Dança) sabe que ele se inspira em diversas formas do cinema como tema para suas criações. As referências podem ser na obra de um diretor ou o olhar estético de outro. Desta vez, a criação usa como foco a técnica cinematográfica blow up, que é a transferência de um filme realizado em bitola S-16mm para 35mm. O objetivo é ampliar a imagem para um suporte com maior definição.
—Quando o cinema era produzido de maneira analógica, a pelÃcula era muito cara. Por isso, filmava-se em Super-16mm (tamanho do espaço fÃsico da imagem) que era mais barato e então transferia-se o filme pronto para 35mm. Ganha-se em qualidade, mas qualquer imperfeição do filme, como algo fora do foco, fica mais evidente. E se continuarmos repetindo a ampliação, mais granulada e imprecisa fica a imagem, como uma explosão—, explica a codiretora e performer Mariana Sucupira.
Umas das ferramentas usadas neste trabalho foi tentar subverter essa técnica da ampliação para o movimento. No espetáculo esse conceito visa ampliar tanto as qualidades mais potentes quanto as mais frágeis do corpo; além de colocar uma lente de aumento sobre o conflito do corpo em movimento na sua relação com a linguagem cinematográfica.
As quatro performers – Ilana Elkis, Juliana Gennari, Mariana Sucupira e Maristela Estrela – estão em cena o tempo todo, entre partituras coreográficas e jogos de improviso. Em BLOW UP vol.1, o corpo se contrai, agita-se a fim de expandir-se, movimentar-se; lida com a sensação da explosão da forma.
Em cena, elementos cênicos se relacionam com a ideia de explosão. Há uma organização e uma ampliação desses elementos, propostos pelos dois cenógrafos, o arquiteto Luciano Bussab e o artista plástico José Romero. Há projeção de algumas imagens. O espaço cênico não é um teatro tradicional e há forte relação de proximidade com o público.
A trilha original de Felipe Ribeiro explora arquivos sonoros próprios criados e extraÃdos de experiências em laboratórios cientÃficos, além de sonoridades tiradas dos próprios elementos cênicos e do corpo das intérpretes. A proposta é que a sonoridade seja percebida como uma experiência corporal.
O desenho de luz de André Boll prioriza a cor branca, além de mini-bruts de cinema para trabalhar a superexposição (blow up).
Os figurinos concebidos pela codiretora e performer Maristela Estrela apostam nas cores básicas preto, cinza e branco e também no vermelho em peças cotidianas; e no dourado e no prateado em algumas peças mais alegóricas, inspiradas em vestimentas cyberpunks e Nu-Goth, agregando sutilmente a cultura undeground.
Vencedora do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna (2013), a companhia utiliza diferentes métodos e ferramentas para a construção coreográfica e dramatúrgica. Em BLOW UP vol.1, especificamente, a preparação corporal é pautada pelo contato-improvisação, práticas de respiração (Sokushin kokyu-hô), tai chi chuan, Body Mind Centering e Ideokinesis.
—Existia um desejo de começar a construção coreográfica de uma maneira diferente, —explodindo— o nosso próprio fazer. O processo teve inÃcio em meados de 2012. Passamos a gerar, captar e irradiar determinadas forças relacionadas ao movimento (como tensão, instabilidade/ estabilidade, etc.), buscando romper com nossos automatismos—, conta Maristela.
BLOW UP vol.1 faz parte do projeto Resistência: [de]composição progressiva de uma explosão. —Para nós a peça coreográfica é uma —estabilização momentânea—, e que, como uma explosão, pode se fragmentar em um novo trabalho, desdobrando-se em diferentes ações performativas—, diz Mariana.
No começo do próximo ano, a companhia apresentará BLOW UP vol.2, com figurino do estilista Fause Hauten.
Ficha técnica
Concepção e direção: Mariana Sucupira e Maristela Estrela
Criação e performance: Ilana Elkis, Juliana Gennari, Mariana Sucupira e Maristela Estrela
Performer stand-by: Martina Sarantopoulos
Luz: André Boll
Trilha: Felipe Ribeiro
Cenografia: Luciano Bussab e José Romero
Figurino: Maristela Estrela
Preparação corporal: Eduardo Fukushima e Alex Ratton
Foto divulgação: Vitor Vieira
Produção: Jaqueline Vasconcellos
Assessoria de imprensa: Lu Cassas & Lica Nielsen Ass. Com.
BREVES PERFIS
Núcleo Cinematográfico de Dança
O Núcleo originou-se de um grupo de pesquisa no Estúdio Nova Dança em 2002. Em 2004 tornou-se uma companhia profissional e vem produzindo peças coreográficas, intervenções, performances e videodanças; também fomentando sua prática educacional em dança através de workshops e da manutenção do grupo de estudos “16 mulheres e ½—. Em outubro, estará com quatro trabalhos em cartaz: —BLOW UP vol.1— e a performance —Descabido—, em São Paulo, e os trabalhos —O que Resta de Quatro— e —2 ou 3 coisas que eu sei dele— no interior de São Paulo. Entre seus trabalhos mais recentes estão —EXperimentações cinematográficas ou o que você faz quando todas as imagens do mundo não cabem em uma ideia— (2010), —O que Resta de Quatro— (2010), —2 ou 3 coisas que eu sei dele— (20012) e —BLOW UP vol.1—, em 2014. A companhia já foi contemplada com o Programa Municipal de Fomento à Dança na 1ª, 8ª e 10ª edições, Edital Novos Coreógrafos — Novas Criações: Site Specific, Cento Cultural São Paulo (2009), ProAC (2009, 2011 e 2013) e o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna (2013).
Mariana Sucupira – à formada em Cinema pela Faap e em Dança pela Universidade Anhembi-Morumbi. Trabalhou em diversos vÃdeos e filmes premiados e exibidos nacional e internacionalmente. Atua como criadora, performer e diretora em diversos trabalhos em artes cênicas. Junto à s companhias nas quais trabalha ou já participou foi contemplada com edital Novos Coreógrafos/ Novas Criações, Programa Municipal de Fomento à Dança e ao Teatro, Programa de Ação Cultural, Prêmio Funarte Klauss Vianna e Miriam Muniz, entre outros. Cofundou o Núcleo Cinematográfico de Dança com Maristela Estrela, onde desde 2002 pesquisa a relação entre dança e cinema. Mariana tem um trabalho paralelo com vÃdeo, hoje mais voltado para registro de trabalhos de artes cênicas.
Maristela Estrela – Formada em Dança pela Universidade Anhembi-Morumbi. Profissional desde 1989, passou por importantes escolas e mestres em São Paulo que dedicavam-se a somar arte e ciência como suporte à formação do criador-intérprete. Integrou a Cia. Oito Nova Dança (de 2001 a 2012) e o espetáculo —Antes da Queda— com direção de Juliana Moraes. à artista colaboradora da Balangandança Cia. desde 2006. Desenvolve desde 2002 uma pesquisa entre cinema e dança com o Núcleo Cinematográfico de Dança. Entre 2002 e 2006 realizou uma pesquisa para o ensino e criação da dança no Estúdio Nova Dança. A partir de 2007 dá continuidade a essa pesquisa na Sala Crisantempo em São Paulo. Desde 2002 é orientadora do 16 Mulheres e ½ – grupo de estudos em dança contemporânea e performance.
Maristela tem um trabalho como educadora há mais de 10 anos, e além de ser professora de cursos de dança regulares, faz trabalho de preparação corporal para outras companhias.
Lu Cassas & Lica Nielsen Ass. Com. (11) 2478-3850; 991-532-668; e licaelu@gmail.com