Quanto mais performance, melhor – atuações

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18/05/2012 a 15/07/2012

Leia o texto curatorial da mostra de vídeo Quanto mais performance, melhor – atuações, que integra a programação do Performa Paço 2012

Atuações: a palavra, no contexto morfológico da língua portuguesa, designa o substantivo plural do verbo atuar; já no teatro, é uma das denominações referentes à arte do ator. A partir de uma interpretação livre —“ e com a intenção de relacionar ambos os significados —“, pode-se dizer que a prática representativa está naturalmente aplicada à —œvida real—, não se limitando, portanto, às artes cênicas e visuais.

Poderíamos nos perguntar se uma pessoa em um determinado contexto —“ como em uma entrevista de emprego, por exemplo —“ não estaria atuando e/ou, de certa forma, —œperformando—. O que determinaria nesse caso a fronteira entre essas duas ações? Ou, então: em um documentário verídico, em que os participantes não são necessariamente —œatores—, como se denominaria a participação desses personagens, visto o desafio de se estar diante de uma câmera?

É a partir de questões como essas que o ato de atuar foi pensado como um mediador entre a performance e o audiovisual. Para Atuações, foram reunidos tanto trabalhos que partem de reflexões sobre o corpo, provocando questionamentos referentes à câmera, quanto trabalhos que, a partir do audiovisual, provocam questionamentos acerca da própria atuação na performance. Ademais, tratam-se de trabalhos que podem ser analisados pela ótica do cinema, isto é, eles podem ser pensados de acordo com os prováveis gêneros a que são remetidos.

Sendo assim, Atuações apresenta 16 vídeos, tendo como referência a subdivisão em grandes gêneros cinematográficos: documentário, com os trabalhos de Mavi Veloso, Igor Vidor, Leo Ayres e Rodrigo Braga; suspense, com Guilheme Peters e Christoph Draeger; ficção científica, com Luiz Roque, Guilherme Teixeira e Ana Elisa Carramaschi; fantasia, com Paulo Nazareth, Flamínio Jallageas e Angella Conte; musical, com Ana Dupas e Marcelo Amorim; e pornô, com Arthur Tuoto e Fagus.

Em Atuações, partiu-se da necessidade de superexpor esses gêneros classificatórios, na tentativa de mesclar conceitos do cinema, das artes visuais e cênicas, isto é, desorganizar e reclassificar, por meio de um registro comum —“ o vídeo —“, não apenas os gêneros, mas também as interpretações destes.

A programação dessa mostra, portanto, certamente poderia ser reorganizada, visto que o objetivo não é restringir os trabalhos a uma única classificação, mas pensar suas relações com a atuação e a performatividade dos —œpersonagens—, pois em todos os trabalhos aqui escolhidos verificamos que é o corpo que dirige a cena, enquanto o audiovisual —œimprime— na imagem videográfica o corpo em atuação.

Governo do Estado de SP