The fourth wall

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05/10/2012 a 02/12/2012

Em parceria com o Goethe-Institut, o Paço das Artes apresenta mostra do artista alemão Clemens von Wedemeyer que trata do limiar entre ficção e realidade

O primeiro contato entre o homem branco e civilizações longínquas é o ponto de partida para uma das obras mais extensas do artista alemão Clemens von Wedemeyer, The fourth wall (A quarta parede), exposição que o Paço das Artes inaugura em parceria com o Goethe Institut no dia 04 de outubro, quinta-feira, às 19h30, em evento aberto para o público. A mostra fica aberta para visitação gratuita até o dia 02 de dezembro.

 Tendo como ponto de partida o mito em torno dos Tasaday, uma tribo supostamente descoberta em 1971 na selva da Ilha de Mindanao, nas Filipinas, The fourth wall é composta por oito diferentes fragmentos de filme, todos fazendo referência ao primeiro contato de antropólogos e exploradores com grupos de pessoas vivendo em selvas remotas, que nunca tiveram contato com a civilização ocidental. Cartazes e livros completam a exposição.Mais do que formular uma conclusão sobre a tribo Tasaday, a exposição confere ao expectador o papel de detetive ou explorador, tecendo uma teia entre fato e ficção ao redor da noção de primeiro contato. O título da exposição faz alusão à barreira imaginária entre atores e público que deve existir para que uma apresentação pareça real. Os Tasaday: mito ou verdade?Os Tasaday, um grupo de 26 pessoas, foram encontrados na floresta de Mindanao, uma ilha ao sul das Filipinas. Antes de serem descobertos, em 1971, seu modo de vida se manteve aparentemente afastado do contato com outras civilizações e intacto desde a Idade da Pedra. Homens das cavernas que trajavam apenas folhas e usavam ferramentas de pedra, os Tasaday se tornaram um tema espetacular para fotógrafos, repórteres e antropólogos na época. A história do grupo inspirou filmes e livros, delineou a imagem do filipino para o exterior e chegou a influenciar os movimentos hippie de retorno à natureza.O excêntrico e polêmico milionário Manuel Elizalde Junior, chefe da Fundação Panamin (agência defensora das minorias nas Filipinas), criou uma reserva para evitar a exploração do habitat natural dos Tasaday. Além disso, estabeleceu controles sobre a mídia e a investigação científica, com o objetivo de preservar seu modo de vida, linguagem e alimentação. Em 1972, o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos, declarou à reserva o status de área restrita. No mesmo ano, a declaração da lei marcial nas Filipinas fez com que, por muitos anos, o acesso à Mindanao se tornasse ainda mais difícil. 
Até que, em 1986, 15 anos após a descoberta dos Tasaday, um jornalista que procurava pela tribo conseguiu chegar às cavernas, então abandonadas. Próximo dali encontrou o grupo vivendo em casas, fumando cigarros e vestindo calças jeans. Uma vez mais, o grupo foi alvo de manchetes, dessa vez, porém, faltava clareza à sua história. Será que o grupo isolado na floresta mudou tão radicalmente em 15 anos, ou em um período anterior, eram atores que haviam encenado tudo? Conferências internacionais de antropólogos ansiavam por averiguar a verdade. As opiniões sobre a autenticidade dos Tasaday eram controversas. Alguns consideram a descoberta da tribo uma fraude. Outros consideram implausível que um grupo de camponeses poderia representar a vida na Idade da Pedra de maneira tão convincente de forma a enganar os repórteres ocidentais e até os antropólogos? Controvérsias e inconsistências acompanharam a maioria dos argumentos. Mesmo após o parlamento das Filipinas ter emitido um anúncio declarando a autenticidade dos Tasaday, muitos permanecem incertos sobre a veracidade do grupo. Alguns acreditam que os Tasaday são a maior fraude da historia da antropologia.
Governo do Estado de SP