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23/02/2003 a 23/03/2003
O boxe tem sido um dos focos da pesquisa visual da artista desde 1996. Primeiro, seu objeto foi o boxe profissional e amador nos EUA, paÃs onde o esporte alcança máxima audiência. Depois redireciona-se para o boxe amador de Cuba, paÃs que produz os melhores resultados nos Jogos OlÃmpicos.
(…) toda esperanza perdida ahora que se llevantaba para acercarse aI vencedor y alzar los guantes hasta su cara, casi una caricia mientras Monzón le ponÃa los suyos en los hombros y otra vez se separaban, ahora sà para siempre, pensó Estévez, ahora para ya no encontrarse nunca más en un ring*.
O boxe tem sido um dos focos da pesquisa visual de Ana Busto desde 1996. Primeiro, seu objeto foi o boxe profissional e amador nos EUA, paÃs onde o esporte alcança sua máxima audiência, segundo dados da artista, e daà resultou a instalação multimÃdia Night Fights (1999). Segundo, Busto redireciona seu interesse para o boxe amador de Cuba, paÃs que produz os melhores resultados do esporte nos Jogos OlÃmpicos.
A maneira de treinar em equipes, o nacionalismo dos boxeadores que almejam o ouro OlÃmpico para homenagear seu paÃs e o cotidiano desses atletas configuram a proposta que Ana Busto apresenta no Paço das Artes. Em Boxing Cuban Style a artista espanhola radicada em Nova Iorque enuncia as peculiaridades do boxe cubano e revalida o diálogo entre a arte e o boxe. Busto apresenta esse universo em núcleos que se inter-relacionam gerando interfaces entre a instalação, a performance, ambiente sonoro e as imagens em movimento do vÃdeo/estáticas da fotografia, numa aproximação com a luta de boxe real, sobretudo como espetáculo visual.
A artista reproduz na sala expositiva do Paço das Artes os ringues onde os atletas da Equipe Nacional de Cuba treinam, numa atitude que ressignifica o espaço de arte como um ginásio de boxe cubano. Os rinques da instalação são o local da ação proposta por Busto na performance inaugural de Boxing Cuban Style: vários boxeadores praticam exercÃcios de treinamento com a possibilidade de integração do público, que pode vestir as luvas, lutar e socar os sacos.
A performance transforma espaço e ação em um único corpo. Já o vÃdeo confere um caráter documental à obra e, somado à s fotos e à ambientação sonora, configura um conjunto diretamente relacionado com o espaço-ação: o vÃdeo mostra imagens dos treinamentos da Equipe Nacional Cubana nos ginásios das cidades de Havana e Santiago e trechos de entrevistas com boxeadores, treinadores e diretores técnicos, ao mesmo tempo em que essa situação é simulada na performance. As fotos, assim como o vÃdeo e a ação, são referências visuais e retratam os boxeadores dessa equipe em diversos formatos, enquanto o áudio compõe a referência sonora mesclando ruÃdos retirados das sessões de treinamento da equipe.
*(…) toda esperança perdida agora que se levantava para aproximar-se do vencedor e alçar as luvas na direção de seu rosto, quase uma carÃcia, enquanto Monzón colocava as suas nos ombros do oponente e outra vez se separavam, agora sim para sempre, pensou Estévez, agora para já não se encontrar nunca mais em um ringue.
O conto La noche de Mantequilla retrata a histórica luta entre o boxeador argentino Carlos Monzón e o cubano José “Mantequilla” Nápoles que ocorreu em Paris em 1974 e foi um dos encontros mais esperados da época. O êxito de Monzón nessa luta consolidou sua carreira na Europa.
CORTAZAR, Julio. La noche de Mantequilla. In: Los relatos, 4, Ahà Y ahora. Madrid: Alianza Editorial, 1998.
O boxe tem sido abordado por outros artistas de diversas nacionalidades. A Bienal Internacional del Deporte en Arte (BIDA) realizada em Valencia Espanha, que como diz o nome aproxima esporte e arte, apresentou na edição de 2001 os artistas Ana Busto, Arthur Cravan, Domingo Sánchez Blanco e Salla Tykkä com obras relacionadas ao boxe.
* Ana Busto foi artista convidada para a Temporada de Projetos 2003