Visitação
20/05/1998 a 21/06/1998
A artista nos obriga a um olhar atento, com aproximações e afastamentos. Um espaço contendo construções que nos lembram fragmentos de sonhos, ilusões (ou até pesadelos), centralizados na imagem refletida de uma esfera cristalina.
Acompanho os trabalhos de Elisabete Perez, Mônica Rubinho, Raquel Garbelotti e Sidney Philocreon, há algum tempo, ainda como alunos do Curso de Artes Plásticas na Faculdade Santa Marcelina. Observei com interesse a trajetória de cada um (coloco-me apenas como uma observadora atenta), o esforço e o empenho individualmente, e em outros momentos, nas conversas coletivas, a busca da poética visual de cada projeto. Os germes dos trabalhos já estavam ali visÃveis: nas pinturas espessas de Elisabete, nas construções de Mônica, nas miniaturas/objetos de Raquel e nas imagens e objetos de Sidney. Durante o último encontro conversamos sobre questões pertinentes à montagem da exposição, tais como iluminação, etc …. Questões que indubitavelmente revela m preocupações com a visualidade inerente aos projetos, e como a participação do espectador é importante nas descobertas das instalações:Elisabete expõe pinturas /objetos, caixas contendo no fundo pinturas realizadas com encáustica. O ângulo certo, a proximidade e a iluminação são imprescindÃveis para visualizar o que as pinturas quase escondidas revelam sob camadas espessas de cera;Mônica, por sua vez, convida-nos a uma sala branca, cuja as paredes são pacientemente cobertas com 175 metros de linha bordada, obsessivamente, talvez. Ao completar o espaço criado, o nosso olhar completa a trajetória do tear: vai e volta em linhas paralelas, entrelaçando em fios brancos e prateados, o tempo fugaz;O trabalho de Raquel (como o de Elisabete), obriga a um olhar atento, com aproximações e afastamentos. Um espaço contendo construções que nos lembram fragmentos de sonhos, ilusões (ou até pesadelos … ), centralizados na imagem refletida de uma esfera cristalina. à ali, nesse exato ponto, que nos vemos incorporados ao trabalho.Sidney, em seu espaço, reúne imagens e objetos – um sino que não toca, um pé cravejado de espinhos, 500 m de fitas manuscritas e um coração cristalizado em frente a um livro fotográfico no painel, recortes do cotidiano. O soar do sino, o ritmo das imagens, o dizem.Cada um, da sua maneira revela-nos por imagens e objetos, fragmentos de lendas perdidas no cotidiano: os mitos que falam do tempo, da vida/morte entrelaçados e vislumbrados nas obras de Sidney, Raquel, Mônica e Elisabete.