Últimos dias da exposição “Arquivo Vivo” no Paço das Artes

A mostra internacional Arquivo Vivo fica em cartaz até este domingo (8/12) no Paço das Artes. No sábado (7), a instituição amplia o horário de visitação até as 22h, acompanhando o evento boa.TARDE, que ocorre no Espaço Subsolo.

Organizada pela diretora e curadora do Paço das Artes, Priscila Arantes, a exposição apresenta 22 trabalhos de artistas nacionais e internacionais, divididos em instalações multimídia, projetos em vídeo, arte digital, fotografia, entre outros. A entrada é gratuita.Integram a coletiva nomes como Cristina Lucas (Espanha), Yinka Shonibare MBE (Inglaterra), Nicola Costantino (Argentina), Hiraki Sawa (Japão), Berna Reale (Brasil), Raquel Kogan (Brasil), Marilá Dardot (Brasil), Rosangela Rennó (Brasil), Regina Parra (Brasil), Mabe Bethônico (Brasil), Ivan Navarro e Mario Navarro (Chile), Voluspa Jarpa (Chile), Letícia Parente (Brasil), Paula Garcia (Brasil), Eduardo Kac (USA/Brasil), Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti (Brasil), Masaki Fujihata em colaboração com Frank Lyons (Japão), Vesna Pavlović (Sérvia), Christian Boltanski (França), Lucas Bambozzi (Brasil), Pablo Lobato (Brasil), Edith Derdyk (Brasil).Entenda a mostraA curadoria dialoga com o conceito de —œMal de Arquivo—, proposto por Jacques Derrida, que entende o arquivo como uma operação performática ou como um dispositivo incompleto e, por isso, sempre aberto a novas escrituras. —œArtistas que se apropriam de material de arquivo, que criam arquivos fictícios, que desenvolvem projetos a partir de uma modalidade arquival, que reencenam obras de arte, criadores que colocam em debate os processos de catalalogação e arquivamento, e os que incorporam o arquivo no próprio tecido corporal são alguns dos selecionados para Arquivo Vivo—, explica Priscila Arantes.
A coletiva apresenta a investigação destes criadores a partir de três vetores: arquivo e apropriação de documentos e obras da história e da história da arte; arquivo no corpo e corpo como arquivo; arquivo de artista, arquivo institucional e banco de dados.A primeira seção reúne projetos que reencenam obras/documentos emblemáticos da história e da história da arte, como, por exemplo, o vídeo La Liberté Raisonné, em que Cristina Lucas faz uma releitura de A Liberdade Guiando o Povo, de Eugene Delacroix, e o trabalho Vera Cruz, de Rosangela Rennó, que dialoga com a carta escrita por Pero Vaz de Caminha sobre o descobrimento do Brasil.É possível destacar também a instalação Cara Metade, da dupla chilena Ivan e Mario Navarro. Os artistas abordam a cooperação militar entre França e Brasil, em especial, em relação às táticas de tortura exportadas da Europa para América Latina via ditadores brasileiros na década de 60. Com a recente abertura dos arquivos políticos, a obra chama atenção por lançar luz a esse período obscuro, que completa 50 anos em 2014.Já artistas como Letícia Parente e Eduardo Kac são alguns dos que utilizam o corpo como escritura ao incorporarem marcas e indícios de um corpo-arquivo, um corpo-mensagem. No vídeo Marca Registrada, Parente costura a inscrição Made in Brazil na sola do pé. Kac traz registros da implantação de um microchip com um vídeo de identificação no próprio tornozelo em Time Capsule. Por fim, destacam-se propostas nos quais os artistas colocam em cena arquivos pessoais ou criam complexos sistemas de banco de dados, a exemplo da sequência de fusões de retratos antigos em preto e branco do francês Christian Boltanski na obra Entre-Temps, e Expiração 09, compilado do material do arquivo audiovisual de Pablo Lobato. No início da exposição, um software idealizado pelo artista define o período de existência de cada vídeo aleatoriamente. Todos serão apagados de forma definitiva no fechamento da temporada no Paço das Artes.Arquivo Vivo encerra a trilogia sobre o tema, abordado pela instituição nos projetos Livro_Acervo (2010), que inclui a “Enciclopédia Temporada de Projetos 1997-2009”, e Para Além do Arquivo (2012-2013), mostra feita em parceria com o Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza (CE). 
Atividades paralelas
A exposição contou com uma série de mesas redondas com artistas participantes, colecionadores e curadores como Miguel Chaia e Denise Mattar, e exibição de filmes. Entre eles, Vento de Valls, de Pablo Lobato, e O Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, que aborda os bastidores da participação dos Estados Unidos na execução do golpe militar brasileiro, em 1964.
A mostra promoveu, ainda, a oficina Arquivos na realidade Urbana Aumentada (A-RUA), ministrada pela artista Suzette Venturelli. A programação incluiu também atividades, desenvolvidas pelo Núcleo Educativo da instituição com o objetivo de aprofundar as discussões sobre os assuntos expostos. 
Sobre a curadora
Priscila Arantes é crítica de arte, curadora, pesquisadora e professora universitária. É diretora técnica e curadora do Paço das Artes desde 2007, onde desenvolve projetos no campo da arte contemporânea. É também professora de cursos de pós-graduação e graduação em —œArte: história, crítica e curadoria— na Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC/SP). 
ARQUIVO VIVO
Visitação até 8 de dezembro de 2013
Terças a sextas-feiras, das 11h30 às 19h | sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 17h30
Sábado (dia 7) – horário ampliado – 12h30 às 22h
Grátis | Livre
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